A morte dos gêmeos Cássio e Cassiano da Fonseca Pontes, 17 anos, e do irmão e também menor Iago, 13, foi anunciada.
No dia 28 de novembro de 2011, o Pioneiro informava que a disputa pelo comando do tráfico de drogas em ruas e becos da Vila do Cemitério, no bairro Euzébio Beltrão de Queiróz, havia recrudescido.
Em 2010, metade dos 137 assassinatos decorreu da disputa entre traficantes dessa vila e também de outros bairros, principalmente da zona norte da cidade. Muitos crimes foram encomendados por detentos dos presídios Regional e Industrial.
Naquele final de novembro, o Pioneiro opinou: "Se a Polícia, o Ministério Público e o Judiciário não agirem, mortes irão ocorrer".
Antes da execução dos três menores na Rua Henrique Cia, às 3h de ontem, no dia 6 de março outra criança tombou: Gabriel Saboleski de Souza, também 13 anos. O inquérito concluiu que a morte de Gabriel ocorreu acidentalmente, quando um familiar carregava a arma para revidar o ataque de um grupo rival que, uma hora antes, tentou executá-lo.
A partir de hoje, a delegada Suely Rech, da Proteção à Criança e ao Adolescente, investiga se a morte dos três irmãos e a tentativa de homicídio contra o familiar de Gabriel se relacionam.
Há, no entanto, uma certeza: o tráfico de drogas, principalmente crack, é o principal motivador das execuções. Cássio, Cassiano e Iago tinham antecedentes por tráfico de drogas e porte de armas. Eram conhecidos da delegada Suely e foram mortos dentro de casa.
Conforme o registro policial, por volta das 3h um homem teria tentado abrir a porta da moradia. Como não conseguiu, bateu e, à companheira de Cassiano, identificou-se como amigo.
Ao entrar, o homem questionou se os irmãos estavam em casa. Na cozinha, encontrou Iago dormindo em um colchão acomodado no chão. O garoto foi morto com dois disparos na cabeça. No quarto dos fundos, o atirador encontrou os gêmeos. Cassiano estava em uma cama de casal e Cássio dormia em outra cama. Eles foram executados com tiros nas costas, ombro e cabeça. Os três morreram na hora. A companheira de Cassiano fugiu.
Próximo ao corpo de Iago, a Brigada Militar encontrou um carregador de pistola e quatro cápsulas de pistola calibre .380.
Segundo o delegado plantonista da Polícia Civil, Leomar Copetti, que ouviu familiares das vítimas, há um suspeito da chacina. A investigação será concluída pela delegada Suely, a mesma que elucidou a morte de Gabriel há pouco mais de dois meses.
Os corpos estão sendo velados na Igreja Quadrangular da vila e o sepultamento ocorrerá hoje, às 10h, no Cemitério Público Municipal.
No velório estarão a mãe, uma doméstica analfabeta que mora perto do local do crime, e as três irmãs de Cássio, Cassiano e Iago. O pai das vítimas foi assassinado no início dos anos 2000.
Criminalidade
Assassinatos na Vila do Cemitério, em Caxias do Sul, foram previstos em novembro
Em 2010, metade dos 137 assassinatos decorreu da disputa entre traficantes
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