Como passaram-se mais de 30 dias da morte por atropelamento do estudante Mauricio Pimentel da Rocha Gonçalves, na BR-116, e a travessia de pedestres continua perigosa no trecho do bairro Planalto, um grupo foi criado para pressionar ações dos governos.
O menino, de 11 anos, foi atingido por um Vectra no dia 20 de março, quando saía da Escola Estadual Melvin Jones, localizada a cerca de 200 metros da rodovia.
Por causa da falta de ação, apesar de dois protestos que fecharam a rodovia, integrantes das escolas Melvin Jones e Érico Verissimo, das associações de moradores São Cristóvão, Boa Vista e Planalto I e do Movimento Vivo fundaram o grupo 'Quanto Vale uma Vida? BR-116, Solução Já'.
No início da tarde de quarta-feira, eles se dirigiram ao Centro Administrativo para deixar por escrito um pedido de audiência com o prefeito José Ivo Sartori (PMDB).
Na data em que a reunião for marcada, o grupo reivindicará providências para os trechos que oferecem risco à travessia de pedestre. Essa solução poderá ser passarela, semáforo, lombadas eletrônica ou qualquer outra alternativa.
Segundo a diretora da Melvin Jones, Ana Luísa Ocaña Ennes, ninguém procurou a escola para dar alguma resposta após a morte da criança. Por isso, partiram para a formalização.
- Vamos respeitar as instâncias, primeiro com o prefeito. Depois, a gente vai solicitar audiência pública, na Câmara de Vereadores. Vamos juntar tudo que o temos e encaminhar, pra ninguém falar depois 'eu não sabia disso' - comenta Ana Luísa.
Na reunião, eles apresentarão cópias de reportagens sobre o assunto e um abaixo-assinado. Os documentos com os nomes das pessoas que apoiam a causa foram espalhados em escolas e bairros. No sábado passado, uma equipe ficou em frente à Catedral Diocesana para mobilizar os transeuntes. A meta é coletar 10 mil assinaturas.
Há mais de 10 anos os moradores do Planalto reivindicam uma passarela para pedestre. A estrutura quase virou realidade em 2010. Porém, uma verba federal de R$ 300 mil obtida pelo então deputado federal Pepe Vargas (PT) foi perdida porque o município não enviou toda a documentação ao Ministério das cidades a tempo. Essa versão é contestada pela prefeitura, que sustenta que a verba não veio porque houve cortes do orçamento da União.
No ponto onde Maurício foi atropelado já existiram lombadas eletrônicas. Mas os equipamentos foram retirados em 2006, por causa de uma diferença de entendimento entre o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit).
Também não há semáforos. Os mais próximos estão a mais de um quilômetro de distância.
Como a estrada não é municipal, a prefeitura alega que não pode fazer intervenções sem ter uma liberação dos responsáveis pela estrada. A prefeitura tem um projeto para remodelar o trevo de acesso aos bairros Planalto e Ipiranga, que custaria mais de R$ 2,5 milhões.
Há cerca de 10 dias, a Câmara de Vereadores, por meio de Vinícius Ribeiro (PDT), encaminhou para o Ministério dos Transportes e para os deputados federais gaúchos um ofício propondo a municipalização da BR.
No dia 2 de maio, às 10h, haverá outro protesto na rodovia. Mas desta vez no bairro São Ciro, onde está prevista a construção de uma passarela. Estudantes e professores da Escola Érico Verissimo vão pedir agilização na instalação da estrutura.