A partir desta quinta-feira (23), ocorre em Sapiranga, o Campeonato Pan-Americano de Downhil MTB 2021. A competição se estende até domingo (26), e terá a participação de 300 atletas de diversos países.
As disputas de ciclismo, com descidas e obstáculos no circuito, ocorrem no Morro Ferrabraz, na Vila Paiva, a 779 metros de altitude. A competição é destinada para diversas categorias, entre elas: Elite, Júnior, Juvenil, Sub-30, entre outras, nos naipes masculino e feminino.
A Serra Gaúcha é uma referência no Mountain Bike. Com vários atletas se destacando nas etapas estaduais e nacionais, a competição continental terá várias equipes da região. Entre elas, a Camptrailatac, a Bike e Cia e a ADHV, de Bento Gonçalves.
A Bike e Cia contará com 12 atletas, das cidades de Caxias, Farroupilha e Marau. Uma delas, a caxiense Laís Rezzadori Flecke, que recentemente venceu três etapas consecutivas do Campeonato Gaúcho da modalidade, é um dos principais nomes do Downhill no Rio Grande do Sul.
Pilota da modalidade desde 2013, Laís coleciona vitórias e alegrias dentro do esporte. Porém, a paixão pelo Mountain Bike vem de antes, afinal é um sentimento de família.
– Fui influenciada pelo meu irmão. Via ele andando e sempre quis me aventurar no esporte. Em 2013, finalmente dei um passo em relação a essa paixão, mas não parou por aí, eu sempre busco desenvolver mais esse sentimento – comenta Laís.
A busca pelo desenvolvimento também é recorrente no âmbito esportivo para Laís. A sua primeira competição nacional, na etapa do Campeonato Brasileiro, em 2016, é um marco para a vida da atleta.
– Naquele ano eu percebi e entendi o que faltava para evoluir de fato, a partir de treinos e mais esforços. Ainda em 2016, fui segunda colocada no Brasileiro, o que me deixou com ainda mais vontade para me desenvolver e melhorar meu desempenho. No final, me tornei campeã do ranking brasileiro de Downhill. Em 2018, tive minha maior conquista: fui campeã brasileira e tive minha primeira experiência internacional, na Colômbia – relembra Laís, sobre sua trajetória no Mountain Bike.
A paixão ao esporte é o que move Laís às conquistas e seu desenvolvimento pessoal:
– Eu, infelizmente, não consigo viver da bicicleta hoje em dia. Ainda encontramos muitas dificuldades em se desenvolver em uma realidade que pouco exalta outras modalidades, como os esportes radicais. A adrenalina é o que move, sou eu e a bicicleta descendo uma trilha. Eu amo essa sensação. Para esse Pan-Americano, estou bem otimista, é um trajeto que estou adaptada e pretendo estar no top 3.
A categoria feminina de Downhill, por muito tempo, foi ficando de lado nas projeções para algumas competições. Laís conta que a sua demora para, de fato, se tornar uma atleta envolvia questões de gênero.
– Agora, vemos uma nova onda de atletas na categoria feminina. Espero repetir alguns feitos, como ser campeã brasileira no campeonato que será disputado aqui no Estado, mas é importante falar que com o ingresso de novas mulheres, eu vou saindo da minha zona de conforto em busca de tentar evoluir mais. Isso é ótimo para o desenvolvimento do atleta – finalizou Laís.
Outra equipe da Serra reconhecida pelas conquistas na modalidade é a Associação DownHill do Vinho (ADHV), de Bento Gonçalves. O grupo conta com diversos ciclistas com experiência em competições nacionais e internacionais e classificou diversos atletas no Pan pelo desempenho em temporadas anteriores. Para a competição, a ADHV contará com 16 atletas nas mais diversas categorias.
Com apenas 20 anos, Pedro Rossoni é um destes competidores. Ciclista desde os 14, já disputou competições regionais e nacionais. Agora, vai em busca de reconhecimento no Pan-Americano, na categoria sub-30.
Influenciado pelas descidas na Escadaria de Santos, Rossoni é uma esperança pra modalidade na Serra:
– Sempre gostei dos esportes radicais, e quando passava o pessoal descendo as escadarias em Santos, me atraiu na hora. Comecei por ter amigos que andam no time da cidade e agora espero brigar pelo título. Estamos treinando o máximo possível para conseguir uma colocação melhor. Eu almejo brigar pelo título, me esforço e me dedico para isso.
A Camptrailatac, hexacampeã estadual, terá no Pan representantes de Farroupilha, Bento Gonçalves, Caxias, Nova Petrópolis, Garibaldi e Nova Prata, entre outras cidades do Rio Grande do Sul. A equipe é um exemplo, também, de que o esporte radical é um local para a família e um ambiente para cultivar bons valores.
Os irmãos Leonardo Passos (13 anos) e Eduardo Passos (17) dividem a mesma paixão pela modalidade e colecionam títulos. Leonardo é bicampeão gaúcho na categoria Infanto, campeão brasileiro por ranking em 2020 e vice-campeão sul-brasileiro. O irmão mais velho também é campeão gaúcho na categoria Juvenil e disputará o Pan-Americano na categoria Júnior.
A família teve por quem puxar esse amor ao esporte radical. Eduardo (Duda) é pai dos jovens e, hoje, um dos líderes da equipe.
– Eu sou um incentivador. Tive meus três filhos pedalando, o mais velho teve que parar por causa de uma lesão, mas os outros dois estão aí. Foram mordidos pelo bichinho do esporte e não largam mais. Típico de atleta – brincou Duda.
O evento começou nesta quinta (23), com os treinos livres. O Downhill é uma modalidade de fácil entendimento dentro do ciclismo. O atleta que conseguir descer o percurso no menor tempo, ou seja, mais rápido, será o vencedor.