
Ao final da apresentação brasileira no domingo, a ginasta Jade Barbosa, do alto de seus 25 anos que fazem dela uma veterana, abriu um sorriso. Nem poderia ser diferente. Para Jade, a equipe brasileira que disputa a final na ginástica artística a partir das 16h não é uma seleção. É o time do sonhos.
- Gente, eu falei depois do evento-teste aqui no Rio, em que garantimos lugar na Olimpíada. Essa é a equipe dos sonhos. Conseguimos uma mescla de experiência com meninas como a Flávia e a Rebeca.
A Flávia, no caso, é a Flávia Saraiva. A Rebeca, a Rebeca Andrade. Desde domingo, elas ganharam direito a nome e sobrenome na boca dos brasileiros. Flavinha, 16 anos, e Rebeca, 17, foram quase irrepreensíveis. Estrearam na Olimpíada como se estivessem em dia de treinos. Ouviram dos técnicos apenas uma recomendação:
- Vão lá e se divirtam.
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Foi o que elas fizeram. Claro que escudadas pela rodagem de Jade e Daniele, 30 anos e na quinta Olimpíada. As novatas são cuidadas como irmãs caçulas. Quando Flávia entrou para a apresentação na trave, sua especialidade, Jade se agachou para assistir em detalhes. Depois, se ergueu e caminhou conforme a companheira movimentava seu 1m33cm na base de 10cm.
Ao voltar ao fosso, foi erguida pela companheira e carregada para o próximo aparelho. O que não é nada complicado, afinal Flavinha pesa apenas 34 quilos. Na véspera da estreia, Jade precisou dar uma de irmã mais velha com ela. Inquieta no quarto, ela caminhava de um lado para o outro e retardava a noite de sono da equipe.
- Disse para a Flávia se aquietar ou a amarrava na cama. Ela estava ansiosa – conta Jade, que ao final tascou um beijo na bochecha da colega e a fez ir com marca de batom para a zona mista.
Flavinha admite mesmo se inquieta. Ao passar pela zona mista, sorria sem parar e, com uma vozinha infantil, respondia com frases. Mas sem esconder nada.
- Sou agitadinha. Posso ficar calma, mas quieta, nunca – disse, antes de soltar uma gargalhada.
Rebeca, embora seja apenas cinco meses mais velha, parece mais madura. Talvez a cirurgia no joelho direito sofrida em julho de 2015 tenha tornado menos adolescente. Ela voltou a competir há sete meses, o que só tornou mais saboroso o resultado de domingo.
- Entro para me divertir. Sou jovem, é minha primeira Olimpíada, tenho muito pela frente ainda na ginástica – diz Rebeca.
Questionada sobre o que havia gostado no domingo – acabou em terceiro na classificação geral – a paulista não fez rodeios:
- Gostei de tudo. Tanto que vou dormir como uma princesa.
Depois da exibição de domingo, o time dos sonhos pode fazer com que Rebeca, Flávia, Daniele, Jade e a reserva Lorraine durmam como rainhas. Se bem que, só de estar entre os oito finalistas, elas já merecem essa distinção.