O apelido de Caramujo surgiu em 1973, dado pelo compadre Remo Reis, que o considerava muito calmo e resolveu fazer uma brincadeira, que acabou "pegando". Mas, dentro de campo, Paulo Renato da Silva, hoje com 58 anos, era bem diferente.
Como meio-campista, ele integrou uma geração de destaque no futebol amador caxiense, ao lado de jogadores como Lambari, Bobi, Fernando Rech, Zico, Júlio César e outros, entre as décadas de 1970 e 1980. Naquele tempo, o esporte era bem diferente.
A qualidade dos atletas, mesmo que amadores, estava num nível superior ao do momento, acredita:
- Se fosse hoje, da nossa turma, muitos seriam profissionais. Agora, o pessoal só corre.
No início dos anos 1970, ainda guri, Caramujo fez testes na base do Grêmio e poderia ter ficado. Mas, como teria de pagar para morar em Porto Alegre, não teve condições. Em seguida, esteve no Santa Cruz, mas, também por questões financeiras, devido ao baixo salário, decidiu ficar em Caxias.
Também chegou a jogar nas equipes juvenis de Juventude e Flamengo, mas por pouco tempo. Apesar disso, o fato de jogar bem acabou abrindo caminhos para o trabalho em empresas da cidade.
- Era fácil arrumar emprego. Quando saía de um, logo recebia convites de outras empresas - lembra.
Da fase do esporte no Sesi, lembra com saudade dos jogos com casa cheia no campeonato local. Num período de forte rivalidade entre a Marcopolo e a Randon, em 11 anos vestindo a camisa da primeira ele garante que perdeu apenas um jogo. Depois, a Randon passou a dominar o cenário, na tradicional alternância entre as grandes empresas.
Da mesma forma como a competição dos trabalhadores, o Campeonato Municipal era muito pegado. Caramujo jogou pelo Caxias, do saudoso Oscar Roth, que afirma ser o clube do coração. Apesar de também ter encarado muitos jogos complicados, ele diz que conseguiu grandes amizades, que mantém até hoje.
O afastamento dos campos ocorreu há cerca de 10 anos, quando integrava equipes com atletas veteranos, depois de ver um amigo morrer devido a um problema cardíaco. A partir dali perdeu a motivação para jogar e prefere apenas ver de longe, em especial o profissional, com uma dose de saudosismo e forte crítica:
- O futebol é só dinheiro. Alguns, por serem filhos de um ou outro, têm muitas chances, enquanto outros ficam de fora (dos clubes).
Por onde anda
Caramujo, destaque dos bons tempos do futebol amador de Caxias do Sul
Apelido não tem nada a ver com o bom jogador das décadas de 70 e 80
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