Nasceu de uma conversa do goleiro Abbondanzieri com o árbitro Oscar Ruiz, ainda no gramado do inaceitável estádio Centenário, em Quilmes, o medo do Inter de perder Walter para as semifinais da Libertadores, contra o São Paulo.
Experiente, respeitado e, especialmente, acostumado a situações pós-jogo como a que aconteceu contra o Estudiantes, o argentino de 37 anos teve frieza e presença de espírito de conversar com o colombiano sobre a súmula mesmo no calor da batalha.
Perguntar não ofende, é o que deve ter pensado o matreiro goleiro do Inter. O advogado Ruiz, árbitro de Copa do Mundo (a da África será a sua segunda), respondeu com toda a educação.
Disse que nada ocorreria com Pato Abbondanzieri. Acrescentou que Lauro terá problemas, embora seja obviedade apostar em uma pena rigorosa para o goleiro reserva do Inter: a TV mostra com clareza o momento em que ele dá o soco no zagueiro Desábato. O zagueiro do Estudiantes é outro que não escapa. Foi o causador da confusão e tem antecedentes desabonatórios, como acusações de racismo. Na Argentina, sua fama é de brigão emérito.
E, por fim, o colombiano disse que que "o atacante" poderia ser citado na súmula.
Como Alecsandro não estava no meio da confusão, restou Walter, retirado do epicentro do furacão pelo técnico Jorge Fossati. Só pode ser ele o "atacante" referido por Ruiz. Contra Walter pesa o agravante de ter recebido cartão amarelo por tentar impedir o recomeço do jogo após o gol salvador de Giuliano. Se ele foi mesmo advertido por provocar a torcida rival, seria o segundo cartão. E cartão amarelo mais cartão amarelo dá expulsão, como se sabe.
_ O Walter: temos que ter cuidado com o Walter _ disse Abbondanzieri, no vestiário, quem sabe de cenho franzido.
Walter afirma apenas ter levado a mão ao ouvido em forma de concha depois da classificação, como resposta aos torcedores que o chamavam de "macaco" com evidente conotação racista. Se foi só isto mesmo, seria uma tremenda injustiça retirá-lo das semifinais.
Ruiz expulsou Rentería em 2006, contra o Nacional, em Montevidéu, após o atacante ter festejado o gol da vitória por 2 a 1 diante da torcida uruguaia de maneira considerada ostensiva, atrás da goleira. A exemplo de Walter, o também colombiano Rentería tinha cartão amarelo.
Faz sentido a apreensão que invade o Beira-Rio, enquanto não sai a fumaça branca na sede da Conmebol, no Paraguai.
Perder Walter na Libertadores, contra o São Paulo, é ficar sem ataque a dois jogos da final.
Esportes
A conversa que gerou o medo de perder Walter na Libertadores
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