Não entendo as razões de tanta incredulidade sobre uma possível venda do goleiro Victor para a Fiorentina depois da Copa do Mundo. Claro que o ideal é manter um candidato a abertura de processo de canonização no Vaticano, tantos são os milagres feitos por ele desde 2008.
Mas tem o outro lado: se negociar Victor, uma parte do dinheiro vai abater a dívida do condomínio de credores.
Mesmo que o Grêmio fique só com 45% do valor de uma eventual venda, ainda assim é o caso de se pensar: a dívida ficaria virtualmente quitada. Hoje, ela é de R$ 10 milhões. Parece muito, mas eram R$ 30 milhões no começo do ano passado.
Se destinar todo o dinheiro para o condomínio, um câncer pode ser praticamente extirpado do Olímpico.
O vice de finanças, Irany Santana, chegou a admitir a hipótese de que, dependendo do sucesso do plano de capitalização lançado este ano junto aos gremistas, talvez nem fosse preciso vender mais alguém este ano além de Douglas Costa e Réver. Mas é difícil saber se o plano vai ou não render o esperado.
Alguém dirá que 5 milhões de euros é pouco. Bem, se o Grêmio conseguir mais do que a Fiorentina estaria oferecendo por Victor, melhor ainda. Depois da Copa, é bem provável que isso aconteça, inclusive.
O fim do condomínio de credores, fruto de uma herança nefasta do passado, deixaria o caminho livre em um futuro próximo. É um peso que o Grêmio arrasta desde 2005, quando a situação financeira tornou-se dramática ao ponto de o ex-presidente Paulo Odone criar este mecanismo como única forma de impedir uma avalanche de execuções judiciais humilhantes.
Além do mais, há reposição em casa. Matheus, 20 anos, 1m85cm, pupilo de ninguém menos do que Taffarel, já treina entre os titulares. Mesmo caso de Busatto, pegador de pênaltis e destaque do time bicampeão braileiro sub-20, 19 anos, 1m89cm. Ambos são apontados como goleiros de futuro.
Victor está com 27 anos. A Copa é sua chance de ouro para ingressar no mercado europeu. É até injusto impedi-lo. É um grande goleiro? Claro que sim. É ruim perdê-lo? Obviamente. Mas a sua saída tem um outro lado: o fim do condomínio de credores. É um bom debate, diante dos problemas financeiros do Grêmio.
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A venda de Victor pode ser bom negócio
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