
Santinhos, panfletos, colinhas, adesivos e outros materiais gráficos são tradicionais em época de eleições. Em 2024 não é diferente. As ruas mostram isso. Da mesma forma, em uma rápida consulta nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pode-se identificar que todas as chapas de Caxias do Sul possuem investimentos para ter divulgação por meio de material impresso. Juntas, as campanhas eleitorais dos quatro candidatos à prefeitura de Caxias investem cerca de R$ 555 mil em materiais gráficos (veja mais detalhes abaixo). A demanda, obviamente, é bem recebida pelos setor empresarial, uma vez que é mais uma forma de fazer a economia girar.
No bairro Esplanada, uma das empresas que trabalham com este material é a Lorigraf. Um dos sócios proprietários, Miguel Riboldi, 67 anos, relata que a campanha municipal é interessante também pela quantidade de candidatos, já que muita gente disputa as cadeiras na Câmara de Vereadores — são mais de 340 em Caxias. Os produtos solicitados também são mais diversos:
— Não é só uma questão de demanda para gráficas de impressão e offset. Também é um produto bom que entra nos outros segmentos do setor gráfico. Por exemplo, impressão digital, impressão de bandeiras, coisas assim.

Riboldi conta ainda que há pedidos para os perfurites para veículos (aqueles adesivos visto nos para-brisas traseiros de carros). Um dos produtos que também estão sendo bastante solicitados é o adesivo personalizado de cada candidato. Geralmente, eles podem ser vistos no peito dos postulantes, principalmente nas aparições em debates.
— O pessoal pensa muito que é o digital, porque os candidatos adotam mais o digital. Mas, com certeza, o material impresso é sempre mais personalizado. É uma forma também de o candidato chegar de maneira presencial ao eleitor. Entrega o santinho, entrega a colinha. É o contato pessoal, é uma forma de ter um contato pessoal do candidato com o eleitor. Isso é bem significativo. Marca a presença — relata o sócio proprietário da Lorigraf.
Muito além das eleições
Apesar do movimento gerado com a campanha eleitoral, o setor gráfico segue também com outras demandas importantes. Como nota Riboldi, as gráficas atualmente também atendem demandas de diversos segmentos econômicos, como indústria e comércio.
— Quando entra no mercado, você vai ver o que é o setor gráfico. É só gráfica que tem dentro do mercado. Por exemplo, embalando todos os produtos. Vai no posto de gasolina, no setor de conveniência, olha e repara o que representa o setor gráfico em todos os produtos — diz Riboldi.
O panorama é sentido pelo setor, como aponta o presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas da Região Nordeste do RS (Singraf), Enio Garcia. Na região, existe uma tendência das gráficas atenderem a uma demanda de embalagens e rotulagem. Até por isso, para o setor na Serra, a campanha eleitoral não representa um grande acréscimo — é mais para aquelas indústrias que fazem o atendimento.
— Não tem uma representatividade se comparado com o volume de embalagens, de caixas de papelão. O nosso segmento não é só impressão — pontua Garcia.
O presidente da entidade entende que a busca pela sustentabilidade fez com que o papel se tornasse tendência também para embalagens e rotulagem. Além de reciclável, o material é biodegradável e vem de fontes renováveis.
Ao mesmo tempo, Garcia nota que itens como fôlderes, catálogos e cartões de visita também seguem solicitados, mesmo que em menor quantidade — movimento que começou por conta da internet (da mesma forma, o digital também reduz a demanda eleitoral). Uma saída, como comenta o empresário, foi a união entre o digital e o impresso, o que pode ser visto de forma mais palpável em materiais que levam um QR Code.
— Tem vários processos. A gente tem caixa de papelão, embalagens de papel, embalagens normais, rótulos de vinho e tem também o que chamamos de linha promocional, que é folder e catálogo, por exemplo — lista o empresário.
Há também um outro lado: Garcia vê que há demandas que estão com uma retomada. São os casos de livros, manuais, calendários e agendas. Nos últimos meses do ano, inclusive, o que realmente movimenta as gráficas são os brindes e itens corporativos.
— O segmento gráfico tem essa normalidade. No meio de setembro, outubro, novembro e dezembro, quando a gente pega a produção de agendas, calendários e itens de final de ano. Até a época de Natal é a safra. Quando entra janeiro, fevereiro e março dá uma boa queda. Março estabiliza. Quando chega setembro, outubro e novembro, sobe de novo. É sazonal. Algumas gráficas têm um processo de contratação de se preparar para essa safra — analisa o presidente da entidade.
Nas campanhas
Juntas, as campanhas eleitorais dos quatro candidatos a prefeitura de Caxias investem cerca de R$ 555 mil em materiais gráficos. Os valores foram consultados às 13h45min de terça-feira (24), no sistema de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais, do TSE. A seguir, o investimento de cada candidato:
- Adiló Didomenico (PSDB): R$ 142 mil
- Denise Pessôa (PT): R$ 262 mil
- Felipe Gremelmaier (MDB): R$ 33,8 mil
- Maurício Scalco (PL): R$ 117,6 mil