O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) lança nesta quarta-feira (15) a 3ª edição do projeto Feito na Serra Gaúcha, em Caxias do Sul. A iniciativa busca fortalecer a região como referência em moda, capacitando novas empresas da área com consultorias e mentorias, que ocorrem entre os meses de março e dezembro. Ao final, os participantes receberão o selo do projeto.
Segundo a gestora de projetos de moda do Sebrae na Serra, Fabiana Zin, durante todo o processo, as empresas inscritas passarão por um processo de desenvolvimento baseado em três pilares: desenvolvimento na parte de identidade local, desenvolvimento de produtos e sustentabilidade e comunicação das marcas.
— A empresa que passar por todos os processos baseados nesses três pilares recebe o selo do Feito na Serra Gaúcha. Para participar, é indispensável que sejam empresas que criam e têm todo o processo criativo e de desenvolvimento da moda. Justamente pra aproveitar o que vai ser aprendido pra criar e aplicar em uma coleção os conceitos que serão ensinados — explica Fabiana.
Nas duas primeiras edições, o projeto contemplou 30 empreendimentos que se encaixavam como Micro e Pequenas Empresas (MPE) ou Microempreendedores Individuais (MEI). A terceira edição está prevista para oferecer cerca de cem horas de atividades de consultorias e encontros em grupo.
Do aprendizado à prática
Uma das empresas que participou da primeira edição do projeto foi a Da Cifre Moni, de Flores da Cunha. Inaugurada em 1991 com o objetivo de fazer uniformes para escolas do município, a marca passou por mudanças ao longo dos anos, sendo a maior delas causada depois da participação no Feito na Serra Gaúcha, em 2021.
De uniformes, se tornou referência na produção de casacos de lã e a partir de 2010 começou a fazer coleções. Em 2020, por causa da pandemia da Covid-19, a empresa familiar precisou buscar uma alternativa para se reinventar e deu início à confecção de toda linha de roupas para mulher.
Em 2021, ainda no processo de mudança, chegou o convite para participar do projeto. Foi a partir dessa participação que a expansão de ideias e clientes se fortaleceu ainda mais.
— Eu digo que 2021 foi como uma faculdade. A gente aprendeu, na questão de sustentabilidade, a trabalhar com o linho. Nós aplicávamos a sustentabilidade na nossa empresa, mas não na questão de produção com sustentabilidade. Foi ali que fizemos uma coleção de alfaiataria usando como matéria-prima o linho, que nunca tínhamos usado — conta a diretora criativa da marca, Mônica Zampieri.
Nas mentorias e consultorias que ocorreram ao longo do ano, a marca entendeu a importância de cada um dos três pilares oferecidos pelo projeto, e como aplicar o aprendizado na empresa. Conforme lembra a diretora, participar do Feito na Serra Gaúcha é uma experiência que precisa de mente aberta para ouvir e disposição para fazer.
— Todo o nosso desenvolvimento, a partir do que foi aprendido, precisou de um investimento. É uma mudança muito grande pra marca quando ela adquire o selo. Como queríamos expandir, nós tivemos a cabeça aberta de que era preciso investir. Tendo o selo, a gente tem credibilidade e, consequentemente, a nossa marca cresce e passa a ser reconhecida — lembra Zampieri.
Quando começou a buscar expansão de venda para outros estados e a apresentar as confecções com o selo, a marca observou o reconhecimento de qualidade por parte dos representantes e compradores.
Atualmente, a Da Cifre Moni está presente em cinco estados. Além do Rio Grande do Sul, os produtos feitos na fábrica de Flores da Cunha podem ser comprados em Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
— Quando apresentamos nossos produtos com o selo, os representantes acharam incrível a existência desse selo para produtos feitos aqui na Serra gaúcha. Foi aí que a gente viu a força que um selo tem pra marca e como a nossa marca começou a ser vista de outra forma, como produtos que têm uma alta qualidade de confecção — afirma a diretora.
Uma iniciativa para firmar a identidade gaúcha de produtos feitos na Serra, com base no que foi aprendido no projeto, foi a produção de um espumante feito por uma vinícola local. A bebida é enviada junto com as peças de roupas para empresas de outros estados terem uma maior proximidade e identificação com as coisas que são feitas na região.
Na aplicação de sustentabilidade para a coleção de 2023, a marca decidiu trabalhar com a renda macramê, tradicional da região. Com a contratação de rendeiras, o trabalho manual valoriza ainda mais os produtos confeccionados, além de usar o algodão, que é um material natural.
Conforme lembra Zampieri, o "casamento" entre peças de alfaiataria e o macramê gerou surpresa para as próprias rendeiras, que descobriram novas possibilidades de confecção. A produção de cada peça em renda demora em torno de quatro a dez dias para ficar pronto.
Para as empresas que vão participar da edição deste ano, a diretora destaca a importância de estar disposto a aprender, ouvir e sair da zona de conforto.
— Os três mentores são incríveis e eles vão apontar quais são as possíveis mudanças que podem ser feitas na nossa marca, como nós podemos fazer e ajudar a aplicar isso. Eles vão pontuar e ensinar durante todo o processo. Temos que estar dispostos a ouvir, porque só saímos da zona de conforto estando abertos pra ouvir essas pessoas que sabem muito da área. Porque dessa forma a gente consegue expandir a nossa marca — conta Zampieri.
O lançamento da terceira edição do Feito na Serra Gaúcha é no Espaço de Negócios do Sebrae na Rua Sinimbu, 816, a partir das 19h. Conforme a organização, o cronograma deste ano será dividido em três fases e conta com a participação dos consultores Walter Rodrigues, Tatiane Alves e Bernardete Venzon.