Embora siga mais caro do que a gasolina, a redução do preço do diesel, anunciada na última quinta-feira (4) pela Petrobras, já se reflete nas bombas em Caxias. A queda de 3,57% nas refinarias, correspondente a R$ 0,20, contribuiu para levar o valor do litro do diesel S-10 para perto dos R$ 7. Foi a primeira redução desde maio de 2021.
Na manhã desta quarta-feira (10) a reportagem verificou o preço do diesel S-10, obrigatório em veículos fabricados a partir de 2012, em 12 postos da cidade. O menor preço verificado foi de R$ 7,05 em uma revenda da BR-116, no bairro Planalto. Em 18 de junho, o mesmo posto vendia o litro a R$ 7,46. Já o preço mais alto é de R$ 7,49, identificado em outros dois postos da BR-116, um no acesso ao bairro Cruzeiro e outro no bairro São Ciro. No bairro Cruzeiro, o preço em junho era de R$ 7,79, enquanto no São Ciro a queda foi de R$ 0,10.
A maior baixa de preços, contudo, ocorreu em um posto da Perimetral Sul, no bairro Kayser e em uma revenda da Perimetral Norte, no Interlagos. Em ambos os casos, o litro do S-10 passou de R$ 7,79 para R$ 7,14, redução de R$ 0,65.
Ao contrário da gasolina, o diesel não sofreu impacto da lei federal que limitou a cobrança de ICMS sobre os combustíveis. A norma limita a 17% a alíquota do tributo no Estado, mas o percentual sobre o diesel está atualmente em 12%. Dessa forma, o principal fator de queda do preço foi a redução praticada nas refinarias. Ainda assim, o combustível segue representando a maior parte dos custos de frete, segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Veículos de Carga de Caxias (Sivecarga), Octavino Pivoto.
— Hoje 55% da receita de um caminhão é gasta em diesel, isso sem contar lubrificantes e outros insumos. As empresas ainda têm os encargos. O caminhoneiro autônomo não tem poder de barganha, então precisa aceitar o que oferecem para poder trabalhar — observa.
Segundo Pivoto, as empresas tem pago em média R$ 6,80 a R$ 7 pelo diesel S-500, utilizado em motores mais antigos.
Alívio, mas nem tanto
Embora considere positiva a redução do diesel nas bombas, o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Caxias do Sul (Sindicam), Selezio Panisson, entende que o ideal seria uma redução maior de custo. A queda ocorrida até agora beneficia principalmente quem viaja a longas distâncias, fazendo pouca diferença em trajetos curtos.
— Viajei muito para o nordeste e fazia cinco abastecimentos por viagem. Um caminhão bom faz mil litros até Fortaleza. R$ 0,50 por litro faz diferença. O correto seria baixar mais um pouco, mas o problema é mundial — destaca.
Outro motivo de comemoração dos caminhoneiros autônomos é o início do pagamento do auxílio para a categoria, oferecido pelo governo federal. São seis parcelas de R$ 1 mil, que serão pagas até dezembro. O benefício está sendo repassado desde esta terça-feira (9) a motoristas que fazem viagens longas. Para quem costuma fazer transporte dentro das cidades, por exemplo, o pagamento começa dia 15, segundo Panisson.
O auxílio, porém, contribui pouco na redução dos custos com combustível, reduzindo mais outras despesas operacionais, como pneus e insumos. Isso porque o custo do diesel em uma viagem de mil quilômetros de Caxias a São Paulo, por exemplo, já ultrapassa muito o valor do benefício.
— Até São Paulo vai cerca de 400 litros de diesel com carga leve (R$ 2.820,00 considerando o valor mais baixo encontrado pela reportagem), mas acho que a tendência até o fim do ano é melhorar — observa Panisson.
Dificuldade para fechar as contas
Para Janete Regina Menegotto, 54 anos, a redução no litro do diesel veio em boa hora, ainda que não com a intensidade ideal. Proprietária de uma van, ela atua de forma terceirizada para uma empresa de transportes, atendendo funcionários de outras duas companhias de Caxias.
No passado, ela atuava como transporte escolar, mas deixou o ramo após a pandemia. Agora, trabalha no limite de custos para conseguir fechar as contas.
— Se continuar nessa situação, não vou mais trabalhar, porque não tem mais condições. Está muito difícil sustentar a van — revela.
A condição para continuar com o negócio nos próximos meses é o anúncio de novas reduções por parte da Petrobras. Essa, aliás, é a expectativa do mercado considerando o cenário externo do momento.
— A redução sempre ajuda, porque no fim das contas vai se somando de pouquinho em pouquinho. Sou uma pessoa que confia muito que as coisas vão dar certo — afirma.
Confira os preços em 12 postos pesquisados*
Posto SIM (Avenida São Leopoldo com Rua Sarmento Leite)
- 11/03/2022: R$ 6,79
- 18/06/2022: R$ 7,59
- 10/08/2022: R$ 7,34
Posto Ramar (Avenida São Leopoldo com Perimetral Sul)
- 11/03/2022: R$ 6,58
- 18/06/2022: R$ 7,59
- 10/08/2022: R$ 7,45
Posto 11 (Perimetral Sul)
- 11/03/2022: R$ 6,84
- 18/06/2022: R$ 7,79
- 10/08/2022: R$ 7,14
Posto SIM (Avenida São Leopoldo com BR-116)
- 11/03/2022: R$ 6,69
- 18/06/2022: R$ 7,59
- 10/08/2022: R$ 7,14
Posto BR B&B (BR-116, bairro Vila Verde)
- 11/03/2022: R$ 6,79
- 18/06/2022: R$ 7,50
- 10/08/2022: R$ 7,29
Posto Rodoil (BR-116 - bairro Planalto)
- 11/03/2022: R$ 6,54
- 18/06/2022: R$ 7,46
- 10/08/2022: R$ 7,05
Posto Ipiranga (BR-116 com Rodrigues Alves)
- 18/06/2022: R$ 7,79
- 10/08/2022: R$ 7,49
Postos Tirol/Imigrante
- 11/03/2022: R$ 6,67 (à vista) e R$ 6,77 (a prazo)
- 18/06/2022: R$ 7,74
- 10/08/2022: R$ 7,39
Posto Capoani (BR-116 - bairro Presidente Vargas)
- 11/03/2022: R$ 6,64
- 18/06/2022: R$ 7,42 (à vista) e R$ 7,69 (a prazo)
- 10/08/2022: R$ 7,29 (à vista) e R$ 7,59 (a prazo)
Posto Pinheiro (BR-116 - bairro São Ciro)
- 11/03/2022: R$ 6,57 (à vista) e R$ 6,82 (a prazo)
- 18/06/2022: R$ 7,59 (à vista) e R$ 7,89 (a prazo)
- 10/08/2022: R$ 7,49 (à vista) e R$ 7,79 (a prazo)
Posto 11 (bairro Interlagos)
- 11/03/2022: R$ 6,84
- 18/06/2022: R$ 7,79
- 10/08/2022: R$ 7,14
Posto SIM (São Ciro)
- 11/03/2022: R$ 6,69
- 18/06/2022: R$ 7,59
- 10/08/2022: R$ 7,29
*A pesquisa considera os preços do diesel S-10 expostos nos estabelecimentos ao consumidor.