O Natal e Ano-Novo são datas comemorativas nas quais o consumo de espumantes está ganhando cada vez mais adeptos. Prova disso, é que as vinícolas e setores ligados à produção na Serra Gaúcha projetam vendas superiores a 30%. Com uma maior demanda, surgiu a possibilidade da falta do produto nos mercados e varejos para esse período, o que vem sendo refutado por todos, mesmo que na indústria isso já esteja acontecendo. Entretanto, para os primeiros meses de 2022, a falta não está descartada.
Para a última semana do ano, as prateleiras dos supermercados e varejos estão abastecidas com produtos suficientes para serem vendidas para o consumidor. Isso porque, grande parte do setor se programou nos últimos dois meses com a compra dos espumantes.
Com relação à possível falta do produto, alguns motivos são apontados. O primeira deles é que, nos últimos anos, a demanda por espumantes vem crescendo no Brasil, principalmente neste período de festividades e do início do verão, no qual a bebida se tornou presente não apenas no consumo tradicional, como também nos mais variados drinks.
Outro fator relevante é que, durante a pandemia, principalmente neste ano, a indústria sofreu com a falta de insumos, em especial o vidro. A alta demanda da matéria-prima e a entrega atrasada podem ter atrapalhado no processo, o que poderia levar à falta de espumantes no mercado.
Entretanto, essa possibilidade foi refutada pela União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra). De acordo com a entidade, a informação da falta de espumantes para o período do final deste ano não procede e ainda, no geral, as empresas estão conseguindo atender a demanda do mercado.
O mesmo entendimento parte da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), conforme o diretor executivo, Helio Marchioro.
– A possibilidade de falta está relacionada à falta dos insumos, em especial do vidro. Muitas vinícolas perderam negócios em virtude disso no decorrer deste ano. Mas acredito que, para as festividades, não deve ter problema, pelo menos por parte das cooperativas – adianta.
Maiquel Vignatti, gerente de marketing da Vinícola Garibaldi, acredita que, para as festividades em curso, o consumidor não terá problemas para comprar o seu espumante.
– Não podemos garantir, mas para o final de ano, eles (supermercados e lojas de varejo) têm estoque, ou seja, o consumidor final será abastecido. Mas as reposições ali na frente, nos primeiros meses de 2022, pode sim sentir falta, principalmente de alguns itens com certeza, como o Moscatel. Nós aqui nos planejamos com a questão do vidro com nossos fornecedores, um brasileiro e outro argentino, e não teremos problemas com isso. Agora, vem a safra nova e é necessário um tempo para a fabricação do produto – avisa Vignatti.
Compra de espumantes deve crescer mais de 30% e repasse ao consumidor não foi elevado
Mesmo com muitas vinícolas sofrendo com a falta do vidro para o engarrafamento final dos espumantes, o ano de 2021 deve encerrar com bons números na questão das vendas. A expectativa por parte da Uvibra, por exemplo, é de que, neste final de ano, as vendas sejam 30% superiores às do ano passado.
Os números são confirmados pelo representante da Garibaldi.
– O crescimento no ano do foi de 30% no geral e o Moscatel, de 35% a 38%. Essa foi a nossa projeção do início do ano para atender os insumos, as necessidades, o mercado. Até quase agosto, estava abaixo do esperado, e a partir disso, o mercado começou a se preparar, isso fez com que crescesse a demanda e nos ajudou a atingir esses números. No ano passado, o crescimento dos espumantes por causa da pandemia foi bem pequeno - situa Maiquel Vignatti.
– A qualidade dos espumantes brasileiros é um dos fatores que precisam ser destacados. É notória a qualidade do espumantes brasileiro de tal forma que a pessoa se sente envergonhada em tomar um importado. Não há glamour em tomar um espumante estrangeiro. Além disso, é um dos produtos que nós ainda sofremos pouca concorrência com o mercado externo – atribui Marchioro, da Fecovinho.
Além da excelente qualidade, a concorrência com o produto internacional acaba sendo superada em virtude do preço, como revela o diretor executivo da Fecovinho.
– Temos vinícolas que, embora tenham corrigidos os valores, os preços não subiram muito. Não houve o repasse de todos os custos, isso fez com que o volume de vendas nesse período tenha sido interessante. Esse era um dos objetivos, e ele foi alcançado – comenta.
Na Garibaldi, o repasse ao consumidor acabou sendo bem abaixo da inflação, como explica Vignatti.
– A readequação foi feita em março e abril, mas a média no nosso portfólio, o que o consumidor pagou em novembro e dezembro de 2020 para agora foi de um acréscimo de 5 a 7%, ou seja, menor do que tivemos nesse período no país. O que a gente espera e projeta, talvez é que para 2022, em janeiro, tenha um repasse de entre 6%, 7% ou até 10% em alguns itens em particular – salienta o gerente de marketing da Garibaldi.
Moscatel vira preferência do consumidor
De tempos em tempos, o consumidor elege tendências em vários segmentos e, claro, os espumantes não fugiriam desta regra. Atualmente, o moscatel se tornou a preferência, no branco, mas principalmente na linha rosé.
Na Garibaldi, as duas linhas já estão esgotadas dentro da indústria devido a tamanha aceitação, como descreve Vignatti.
– A gente só vai ter eles em fevereiro. É algo que esperávamos, mas não tão forte como está, projetamos um crescimento, mas está maior. Não é por falta de insumos, mas porque não estávamos tão preparados quanto devíamos para esse crescimento de consumo– assume.
Ele completa.
– Reitero, a falta dos produtos é na indústria, o consumidor nas lojas vai encontrar – manifesta.