Decretos do governo do Estado que instituem incentivos fiscais à importação serão abordados na quarta-feira (18), em um encontro em formato híbrido, promovido pela Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul e pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).
O Comércio Exterior em Pauta começa às 7h45min, na sede da CIC. O tema interessa à cidade, que é a 7ª maior importadora do Estado e 9ª maior exportadora. Para empresas associadas, a entrada é franca, e para não associadas, o valor do ingresso é R$ 40. As inscrições podem ser feitas no site da CIC.
Caxias do Sul tem registrado um crescimento nas importações. Em volume, de janeiro a julho de 2021, na comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento é de 63,5%, enquanto que em valores chega a 60%. É importante frisar que os números do ano passado sofreram um baque por conta da pandemia. Já o volume de exportações caiu 20%. Apesar disso, as mercadorias vendidas para o exterior garantiram um crescimento de 7,6% em valores, um indicativo de que a cidade está vendendo produtos de maior valor agregado. Os dados são do Ministério da Economia.
O levantamento mais recente divulgado pelo órgão federal, explica o comportamento da balança comercial até o mês de junho. No sexto mês de 2021, o saldo apresentou uma redução em todos os indicadores (veja abaixo). A explicação para esse cenário passa por uma série de fatores. A redução das exportações caxienses sofre há anos o impacto de crises econômicas em países latino-americanos, como a que levou à suspensão da Venezuela do Mercosul, mas, principalmente, a Argentina, que não tem demonstrado capacidade de se reerguer.
— Como a Argentina era o principal país (importador) e ele perdeu (esse status), os outros países não compensaram a Argentina. Eles simplesmente ocuparam uma posição maior, porque a Argentina se deslocou para uma posição inferior. Então, tivemos redução das exportações. E como a economia doméstica está bem aquecida, especialmente em alguns setores, aumentaram as importações. Então, quando olhamos em termos de balança comercial, temos os dois movimentos em um sentido que deprime o saldo da balança — explica o diretor de Economia e Estatística da CIC, Joarez Piccinini.
As exportações poderiam ser beneficiadas pelo câmbio, com o real desvalorizado perante o dólar e o euro. Mas nem isso tem sido suficiente para compensar outros aspectos. Piccinini ressalta, por exemplo, o chamado Custo Brasil. Para ele, a alta cobrança de impostos, o confuso sistema tributário, a burocracia, a insegurança jurídica e a falta de infraestrutura são entraves que atrapalham uma melhor posição do Brasil no mercado internacional.
Triplicou o custo para trazer um contêiner da China
A esse histórico cenário nacional, adiciona-se ainda um cenário mundial desafiado pela pandemia de coronavírus. Mauro Vencato, que é o supervisor comercial do Porto Seco de Caxias, conta que o Brasil enfrenta até mesmo a falta de contêineres para exportação, por causa da conjuntura internacional relacionada à covid-19. O custo também está mais caro: trazer um contêiner de 40 pés da China para o Brasil custa, atualmente, de US$ 9 mil a US$ 10 mil, o triplo do que era praticado antes da pandemia.
Mesmo assim, Vencato projeta que 2021 não será tão ruim quanto 2020. De janeiro a julho, 31 mil toneladas de produtos passaram pelo Porto Seco, movimentando US$ 184,3 milhões. É mais do que o ano passado, uma base de comparação baixa, mas também melhor do que registrado em 2018 e 2019. A pandemia também gerou, conta ele, uma mudança no Porto Seco.
— Hoje as mercadorias que entram ficam pouco tempo. Não tem mais um número tão grande de mercadorias estocadas aqui no Porto Seco. Elas estão girando muito mais rápido. É uma mudança relacionada à pandemia, porque como houve falta de produção em outros países e isso ainda não está normalizado, ficamos muito tempo sem receber mercadoria. Aqui na empresa, também foi consumida a mercadoria e o que estava no Porto Seco, também. Então, o estoque geral baixou. Hoje, as mercadorias chegam com atraso e logo que entram, saem, porque existe o consumo — justifica Vencato.
Primeiro semestre de 2021 supera o ano passado
De janeiro a julho de 2020, conforme o Ministério da Economia, Caxias exportou 145.800 toneladas de produtos e materiais, gerando US$ 282,1 milhões. No mesmo período de 2021, foram 116.800 toneladas vendidas para o exterior, resultando em US$ 303,7. As importações nos sete primeiros meses do ano passado representaram 37.900 toneladas, o que significou US$ 153,9 milhões. Neste ano, são 62.000 toneladas, o que resulta em US$ 245,9 milhões.
Saiba mais
Caxias participa com 2,9% das exportações do RS. Com isso, é o nono maior exportador do Estado. A nível Brasil, a participação do município é de 0,2% e, assim, se classifica como 113º exportador do país. Nas importações, Caxias participa com 4,2% do volume do Estado e, portanto, é o 7º maior importador. No país, também significa 0,2% das importações e, desta forma, ocupa a colocação 107 no território nacional.
Principais destinos das exportações caxienses:
Chile
Estados Unidos
Argentina
Uruguai
México
Principais países de onde Caxias importa
China
Itália
Áustria
Alemanha
Estados Unidos
Conforme a CIC, até junho de 2021, 54,4% das importações para Caxias se referem a máquinas e aparelhos. Com relação às exportações, 46,24% correspondem a materiais de transporte. O Porto Seco destrinchou, com base em dados do Ministério da Economia, os produtos mais vendidos e mais comprados.
Principais produtos exportados:
Carrocerias para veículos.
Reboques e semirreboques.
Guarnições de fricção, embreagens ou qualquer mecanismo de fricção.
Principais produtos importados:
Transformadores e conversores elétricos.
Partes e acessórios de veículos.
Torneiras, válvulas, caldeiras, reservatórios.