As temperaturas baixas fazem o comércio de Caxias do Sul ter mais um fator que ajuda na reação depois de meses de abre e fecha, o que gerou reclamação do setor devido ao impacto nas vendas. Além do frio, os dias seguidos de tempo seco favorecem a entrada de clientes nas lojas. No entanto, segundo as entidades que representam o comércio caxiense, a pandemia de coronavírus deixou um legado de um certo "movimento invisível". É que tanto as lojas quanto os clientes passaram a perceber uma oportunidade no mercado online, que acaba facilitando os negócios em dias de chuva e frio.
— Quando a temperatura é muito baixa e chuvosa, como nós tivemos na última semana, o consumidor acaba nem saindo de casa. Então, é uma característica, porque é muito frio e ele não sente essa necessidade. Mas a gente reforçou neste um ano e meio a presença online e a gente percebe que antes era o consumidor que vinha até a loja e agora é a loja que precisa ir até os clientes. Então, mesmo que você não perceba muita movimentação dentro das lojas, existe uma outra movimentação sendo feita, que é o lojista indo até o cliente — explica a presidente do Sindilojas, Idalice Manchini.
Entre os produtos mais vendidos, de acordo com Idaliece, estão peças de vestuário, como jaquetas acolchoadas, calças de tecidos mais quentes, blusas de malha e abotinados. Também entram nessa lista acessórios, como mantas, toucas, echarpes. A alta nas vendas é confirmada pelos lojistas, que relatam aumentos de 15% a 30% no faturamento com a chegada dos dias mais gelados. A expectativa é que o crescimento continue neste segundo semestre, principalmente pelo avanço da vacinação contra a covid-19 — a imunização foi ampliada para pessoas com 43 anos ou mais na cidade.
— A queda da temperatura movimenta esta procura por produtos de inverno. (Os clientes) Vêm para comprar aquecedores e fogões a lenha, mas acabam vendo outros produtos também. Foi um movimento muito bom no Centro neste período. Aqui na loja, tivemos um aumento de 25% a 30% nas vendas na relação com as semanas mais quentes — comemora Wesler Machado Silva, 32 anos, gerente das Lojas Benoit, no centro de Caxias do Sul.
O frio também foi bem-vindo nas lojas de roupas, com a procura por jaquetas e malhas. As baixas temperaturas foram um impulso nesta melhora nas vendas, que tem sido gradual e já permitiu o reforço nas equipes. As lojas Essência Jovem, por exemplo, atendem com 12 vendedores — antes da pandemia eram quase 20 funcionários.
— Desde o mês das mães, em maio, o comércio está numa reagida. Claro, ainda não está como antes (do coronavírus), mas a expectativa é muito boa para o segundo semestre. Devido às vacinas, as pessoas estão mais confiantes para ir nas lojas. No inverno, também vendemos melhor. Os preços das mercadorias também são melhores — comenta a gerente Lidiane Proença, 33, que é responsável pelas lojas da Avenida Júlio de Castilhos e da Rua Montaury.
Apesar do otimismo, há aqueles que optam pela cautela. Trabalhando há 17 anos com vendas, a gerente Priscila Talaska Coelho, 36, percebe os clientes da loja Vício Fatal ainda bem cautelosos:
— O frio deu uma melhorada, principalmente perto do que estava. As pessoas vieram atrás de roupas quentes. O fluxo de clientes tem melhorado, as pessoas estão mais confiantes. Mas, o comportamento é ainda de receio. Eles vêm para fazer as compras da necessidade. "Preciso disso e pronto!"— relata.
Com o avanço da vacinação, a expectativa é que ainda neste segundo semestre os números de vendas possam se aproximar aos patamares anteriores aos da pandemia. Os indicativos do último mês trazem este otimismo.
— Como está acontecendo o crescimento na indústria, que é forte em Caxias, automaticamente também reflete nas vendas. O comércio está sentido a diferença no fluxo, de pessoas que vêm comprar e até orçamentos maiores feito por empresas. A expectativa para o segundo semestre é muito grande, não só para a nossa área de eletrodomésticos, mas de crescimento para toda a área comercial de Caxias do Sul — opina Jonas Schultz Machado, 30, gerente nas Lojas Colombo.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Renato S. Corso, sugere que os comerciantes decorem os ambientes e usem os canais digitais para oferecer promoções, como forma de atrair os clientes.
— Historicamente, as temperaturas baixas e os dias secos impulsionam as vendas, especialmente para o segmentos de vestuário, calçados e climatização. Para alguns setores, inclusive, são os fatores responsáveis pela maior fatia do faturamento no ano, como é o caso das malharias e das empresas de sistemas de aquecimento. O frio é sempre um bom incentivador na aquisição de produtos.