Dos novos empreendimentos residenciais, comerciais ou até aquela reforma que a pandemia demonstrou ser necessária e inadiável dentro de casa, o que mais chama atenção é que o setor de construção está reaquecido e prospectando melhoras nos próximos meses. A continuar neste ritmo, a busca por mão de obra irá se intensificar entre o fim deste ano e o início de 2022, caracterizando uma boa notícia em um momento em que a pandemia parece entrar sob controle e Caxias do Sul começa a se aproximar da luz no final deste longo túnel.
Segundo o presidente do Sinduscon, Rodrigo Postiglione, o mercado da construção civil em Caxias está passando por mudanças e abrindo novas oportunidades desde o ano passado. A pandemia trouxe alterações significativas. Inclusive, cerca de 10 empresas deixaram a cidade ou acabaram encerrando suas atividades. Outra mudança foi na política de trabalho desse negócio, que tem convivido com aumentos sucessivos no preço de insumos. O custo direto para a construção civil subiu cerca de 40% em 2021.
— Aguardamos um momento de entressafra para lançamentos por causa da variação de preço nos materiais. Agora temos notícias de que o aço não deve aumentar pelos próximos três meses, o que se torna interessante para esses lançamentos. Tivemos reajuste dos valores do metro quadrado e nos fortaleceu para encarar os desafios — afirma Postiglione. — O valor de entrada ficou um pouco diferente, por vezes a construtora recebe um valor mais alto e faz a compra antecipada de materiais. Hoje estamos com muitas compras e um bom estoque, não é mais o “just in time” (na hora) — complementa.
Outro fator que chama a atenção do Sinduscon é a respeito da mão de obra. Muitas empresas que trabalhavam com os serviços de acabamento fecharam com a pandemia, exigindo que as construtoras investissem nessa mão de obra específica. A pandemia também retirou pessoas com idades mais avançadas dos canteiros de obras, colaborando para que a busca por profissionais se intensifique e traga os bons resultados que o setor tem no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), positivo há três meses. O foco agora é conseguir formar novos profissionais e qualificar os já existentes.
VALORES AUMENTARAM
Um ponto que a população irá sentir nos próximos meses está no aumento do produto final. O metro quadrado em Caxias saiu de R$ 5 mil e, para aqueles imóveis de maior padrão, estão se aproximando de R$ 11 mil. Algo que segue a tendência do custo de vida, que vem crescendo rapidamente. Não seria diferente para o setor, o que é visto como um ponto positivo, mas, também, de alerta.
— Ainda estamos defasados, porque se pegar outras regiões é um valor mais alto. Porto Alegre é R$ 15 mil, Gramado é R$ 15 mil, Bento Gonçalves é R$ 12 mil. Quem não colocar esses valores corre o risco de sucumbir no mercado. Teve várias construtoras que deixaram de operar com problemas de fluxo de caixa, quebraram, não entregaram imóveis. Hoje, em Caxias, tem cerca de 300 clientes que compraram apartamentos e não irão mais receber. O que trabalhamos como sindicato é a valorização do imóvel, porque o cliente não pagará menos por baixa qualidade. Ele paga mais por qualidade e para ter certeza da segurança de que vai receber o imóvel — defende Postiglione.
Reformas dentro de casa também aumentaram
Ao mesmo tempo em que os novos empreendimentos devem começar a surgir nos próximos meses, outra demanda, que é crescente, são as reformas. Esse setor já vê quase um retorno à normalidade, parecido com o registrado até o fim de 2019. A pandemia alterou muitas percepções e, conforme a economia começa a se recuperar de forma gradativa, aumenta o número de pessoas querendo dar uma repaginada interna nos seus ambientes. Essas demandas vão desde os espaços de convívio social, bem como os escritórios pessoais.
— Notamos a procura por aquela reforma na casa de pessoas que se mudaram e querem modernizar, melhorar e integrar espaços, adequar o home office. A pandemia mudou o comportamento das pessoas, principalmente nesses espaço das relações de trabalho e do conviver social. As pessoas estão recebendo mais pequenos grupos em casa e querem espaços para cozinhar e receber a família. O público começou a curtir mais seus espaços em casa — explica a arquiteta Alessandra Mosna.
Os valores também estão em alta, seguindo todas as tendências referentes à construção. Da matéria-prima até a mão de obra, o aumento já foi de cerca de 50% nos seus valores.
— Os insumos e matérias-primas dispararam e seguem aumentando. Estamos com prazos mais demorados, algumas peças sob encomenda, que antes ficavam prontas em 15 dias, passaram para 30, 40 e até 50 dias — relata Alessandra.