Com a sinalização do governo do Estado em começar a planejar a liberação dos grandes eventos, shows e públicos em estádios, a partir da próxima semana, o setor de serviços, em Caxias do Sul confia na retomada das atividades. A intenção foi anunciada pelo coordenador do Gabinete de Crise do Rio Grande do Sul, Marcelo Alves, em reunião na última quinta-feira (29), na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Mas ele destaca que ainda são aguardados os resultados do evento-teste realizado no último domingo (25) na Casa NTX, na zona norte da Capital, para definir como se dará essa flexibilização.
— A retomada está decidida. Só falta definir como a reabertura vai acontecer. Vamos avaliar os dados até segunda (2) e aí já poderemos definir as regras — disse Alves.
Em Caxias do Sul, até agora a retomada tem sido lenta e gradual, mas já anima os profissionais da área, que foi uma das mais atingidas pela pandemia de covid-19. Alguns estão mais confiantes do que outros. É o caso de Alexandre Bueno Maciel, 43 anos, que atua com sonorização e iluminação, na Parafernália.
Depois de ter trabalhado fazendo hambúrgueres e comprado um caminhão para fazer fretes, ele voltou à atividade que desempenha há 18 anos. Já fez casamento, formatura e iluminação para uma promoção em um bar no último final de semana, tem duas formaturas neste sábado e uma convenção marcada para os dias 5 e 6 de agosto. Mas tudo ainda sem pista de dança, que segue proibida pelas medidas de prevenção à disseminação do coronavírus.
— Para nós está sendo legal esse início. Vai fazer muita diferença quando aumentar o número de pessoas e que tiver pista (de dança), porque locamos bastante iluminação — comentou empolgado o empresário.
A respeito da restrição da pista de dança, entre outras, o secretário do Urbanismo, João Uez, explica:
— Dependemos da liberação do governo do Estado. Assim que o governo do Estado se posicionar e emitir regramento positivo, o município irá avaliar junto com o gabinete de crise e junto com a Amesne.
Retomada com colações de gau e aniversários
A empresária Gabriele Piccoli, dona da Casa de Festas Don Claudino, está otimista. Ela conta que os eventos voltaram com força. São colações de grau liberadas pelas faculdades, aniversários, entre outros. O movimento é cerca de 30% do que era antes da pandemia e a expectativa é que continue crescendo.
— Continuam todos os protocolos, máscara o tempo todo, não pode comer em pé... mas, o que foi aliviando, já foi muito positivo para as pessoas se sentirem mais tranquilas para fazer seus eventos. Para retomar 100% dependerá das liberações, das coisas estarem melhores mesmo. Mas, isso é algo que compreendemos que vamos retomando conforme pode — explica Gabriele.
Segundo ela, a ampliação de público, no caso do estabelecimento, para 150 pessoas, foi muito bom porque o espaço dispõe de cinco salas e é possível distribuir os grupos com toda a segurança. Os clientes também estão mais tranquilos porque sabem que não terão o evento cancelado de uma hora para outra. Mas estão contratando o serviço bem perto da data.
— O que é festa hoje? É as pessoas virem, comerem uma comida boa, terem um atendimento legal, uma decoração bonita, uma música agradável. Com isso, as pessoas têm ficado muito, muito felizes. A demanda estava reprimida mesmo — descreve, referindo que gradativamente os eventos estão sendo retomados dentro do que é permitido.
Volta das atividades, mas ainda sem contratações
Outro empresário do setor, Ricardo Pereira, 63, sócio da Affitti que loca materiais para festas e eventos, também voltou à atividade, há cerca de um mês, mas de forma tímida, segundo ele. O público é composto por pessoas físicas que estão realizando os eventos por conta própria sem contratar profissionais, como decoradores, cerimonialistas.
— As festas que estão permitidas são pequenas, normalmente, em salões de condomínio, restaurantes... locais que têm todo o material. Não chega nem perto de manter a empresa. As festas grandes só vão voltar quando liberarem pista de dança mesmo — pondera Ricardo.
Quando a pandemia atingiu em cheio o setor, em março do ano passado, ele demitiu os nove funcionários e, infelizmente, não tem previsão para recontratar. Reduziu os custos no que conseguiu, como telefone, internet, renegociou plano de celular, segurança, mas segue tendo que pagar o imposto do pavilhão que gira em torno de R$ 7 mil.
— Pretendo retomar, mas, quando... não acredito que vão liberar pista de dança até o final do ano. Estamos nos virando como dá e vamos com os pés bem no chão, porque não dá para levar outro baque — lamenta.
Aumentaram as solicitações de orçamentos
Flaviano Ernesto Weber, 41 anos, que trabalha com montagem de cenários para casamentos, aniversários e formaturas, já voltou a fazer orçamentos, ainda não executou eventos, mas tem agendas em setembro e em novembro. Ele diz que uma preocupação das pessoas é ter todos os seus convidados vacinados.
— Está voltando, mas bem devagar. Como era antes (da pandemia) acho que só no ano que vem. Mas estou bem otimista, só esperando para começar a trabalhar — projeta Weber que trabalhou com fretes e com pintura predial para sustentar a família nesse período sem eventos.
A vacinação completa da população também é o que os clientes do cerimonialista Rogério Aver Pizzolatto aguardam para realizar os eventos mais perto da normalidade. Por enquanto, ele só fez alguns eventos mais intimistas e outros maiores foram adiados para 2022. A variante Delta do coronavírus também é uma preocupação.
— Empobrecemos dois anos. As pessoas ficaram ressabiadas, as formaturas foram todas canceladas. Agora, as pessoas dizem para esperar vacinar todo mundo, porque tem uma garantia e também porque ainda não teve a liberação total — questiona o cerimonialista.