Quem precisou fazer compras para a casa nos últimos 12 meses — a maior parte deles durante a pandemia — percebia o aumento de preços nos produtos expostos nas prateleiras dos mercados. Mas é quando se para diante dos dados, para analisar a evolução no caso de alguns itens básicos, que o aumento fica ainda mais gritante. Até o final do ano, o grupo da alimentação continuava tendo maior peso na cesta básica dos caxienses e, entre os produtos, o arroz e o óleo de soja seguiam no topo do ranking.
Segundo estudo realizado mensalmente pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (Ipes) da Universidade de Caxias do Sul (UCS), o pacote de 5kg de arroz passou de R$ 11,28 em novembro de 2019 para R$ 23,58 em novembro do ano passado. No mesmo período, o óleo de soja pulou de R$ 3,19 para R$ 6,33, na embalagem de 900ml. Ambos ficaram cerca de o dobro mais caros.
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Caxias do Sul (Sindigêneros), Eduardo Slomp, os preços se mantiveram estáveis após a virada do ano. Em uma pesquisa feita pela reportagem em cinco mercados da cidade, na tarde da última quinta-feira, os itens foram encontrados a valores muito varáveis, o que indica que a busca pelo preço mais barato pode gerar uma boa economia. O pacote de 5kg de arroz variou entre R$ 19,75 e R$ 39,90, o que significa dizer que o cliente poderia levar dois pacotes do mais barato, com o preço do mais caro, dependendo da marca e do estabelecimento. Já o óleo de soja foi encontrado a preços entre R$ 6,49 e R$ 14,99. Uma diferença de 130%. Na tarde de ontem, o Pioneiro repetiu a pesquisa, também em cinco estabelecimentos, não exatamente nos mesmos da quinta-feira. Desta vez, a variação de preço encontrada para o pacote de 5kg de arroz deu-se entre R$ 19,95 o mais barato e R$ 34,50 o mais caro. Já para o óleo de soja a variação foi menor, entre R$ 7,25 o mais barato e R$ 8,94 o mais caro.
Uma família de quatro pessoas precisa ter uma renda de R$ 5,5 mil para atender o básico do básico aqui em Caxias
LEANDRO MOSÁR NESS
economista
— Os preços neste primeiro momento, estão estáveis estamos esperando baixar — comentou Slomp.
O último levantamento do Ipes, divulgado em novembro, apontou uma cesta básica de R$ 974,06 em Caxias, R$ 17,94 (ou 1,88%) a mais do que no mês anterior, quando custava R$ 956,13. A elevação é puxada justamente pelos produtos de alimentação, que têm maior fatia na cesta e cuja soma passou de R$ 781,06 em outubro para R$ 799,88 em novembro. Já os produtos não alimentares tiveram queda de R$ 175,06 para R$ 174,18. Dos 47 produtos que compõem a cesta, 23 (48,94%) aumentaram de preço, 22 (46,81%) tiveram seus preços médios reduzidos e dois (4,25%) permaneceram com seus preços inalterados.
O economista Mosár Ness, que atua no Ipes, projeta qual deveria ser a renda familiar para comportar uma cesta básica desse montante:
— Uma família de quatro pessoas precisa ter uma renda de R$ 5,5 mil para atender o básico do básico aqui em Caxias.
Em 12 meses (novembro de 2019 a novembro de 2020), o aumento no valor da cesta foi de 10,78%, mais do que o dobro da inflação acumulada no período que ficou em 4,68% em Caxias, segundo o Ipes.
Índice de preços
Para além da cesta básica, de forma geral, os preços aumentaram 0,49%, em novembro comparados a outubro, que tinha experimentado aumento de 0,56% sobre setembro. Ou seja, os preços seguiram subindo, mas em percentual menor. Isto é, houve uma desaceleração.
Do total de 320 subitens avaliados no cálculo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), 93 produtos tiveram os valores reduzidos e 127 permaneceram inalterados em novembro. Outros 100 (31,3%) aumentaram em novembro de 2020. Foram menos produtos que ficaram mais caros do que em outubro, quando 40% dos subitens tinham apresentado aumento. E menos também do que em novembro de 2019, quando 37,2% dos produtos subiram.