O desempenho da economia de Caxias do Sul cresceu 0,8% no mês de agosto em comparação a julho. É a quarta elevação consecutiva. Em relação ao mesmo período do ano passado, a retração em agosto é de 1,2%. Já no acumulado do ano, a queda é de 9,2%. Os números foram apresentados pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias (CIC) e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) na tarde desta quarta-feira (21).
— Vale lembrar que em julho esse número (do acumulado do ano) era de -10%. Houve uma "despiora", que era um termo antigo que vamos ter que trazer de volta — destacou a economista Maria Carolina Rosa Gullo, diretora de Economia, Finanças e Estatística da CIC.
No acumulado de 12 meses, a atividade econômica mostra resultado negativo de 5,3%.
O comércio puxou o avanço de agosto em relação a julho, com alta de 5,7%. Em relação ao mesmo período do ano passado, o setor apresentou desempenho negativo de 16%, mesmo índice de perda no acumulado do ano. A retração nos últimos 12 meses é de 8%.
— O comércio ainda não conseguiu fazer a virada que a indústria já fez, mas a gente imagina que dentro dos próximos meses isso deva acontecer —projeta a economista.
O assessor de economia e estatística da CDL, Mosár Leandro Ness, destacou a recuperação do setor, mesmo que de forma lenta:
— A fé que nos anima é que a gente vem mantendo um ritmo de recuperação. Esse não é um número isolado de Caxias. O consumo de maneira geral vem se recuperando, insuflado pelo pagamento do auxílio emergencial, que traz para o mercado consumidor aqueles invisíveis que antes não dispunham de renda — analisou.
A indústria registrou alta de 1,9% na comparação com julho. Em relação a agosto do ano passado, o crescimento do setor é de 8,7%. Já no acumulado do ano, a retração é de 5,3%.
— É o setor que, sem dúvida nenhuma, está se recuperando mais rápido desta pandemia — pontua Maria Carolina.
Já o setor de serviços ainda registrou queda de 3,9% em agosto comparado a julho. Em relação a mesmo mês de 2019, a retração é de 10,6% e de 12,3% no acumulado do ano.
— O setor de serviços ainda não conseguiu colher os frutos da retomada da economia. É uma área muito complexa, são muitas atividades econômicas distintas dentro de uma única conta. Temos todo o sistema financeiro, educacional, turismo, entretenimento, e muitos deles ainda não conseguiram retornar porque envolvem aglomeração de pessoas — pondera a economista.
Em relação aos postos de trabalho, após cinco meses consecutivos de fechamento de empregos, no mês de agosto houve a geração de 411 vagas formais, resultando em alta de 0,2% na comparação com o mês anterior. Em julho, eram 143.752 empregos formais; em agosto, este número subiu para 144.068. O acumulado de janeiro a agosto, no entanto, ainda mostra um saldo negativo de menos 6.499 empregos.
— Paramos, ao menos, de ter mais demissões do que admissões, isso já é uma boa notícia — afirma Maria Carolina.
O diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC Astor Schmitt destacou o momento de otimismo com a retomada, mas afirmou que dois pontos geram preocupação para os próximos meses. Um deles é o fim do pagamento do auxílio emergencial em dezembro:
— O emprego não reagiu dentro daquilo que se deveria esperar para que substituísse a necessidade do auxílio. Obviamente que isso vai fazer cair brutalmente o poder aquisitivo desta classe da nossa sociedade.
O diretor também citou a desorganização das cadeias de suprimento devido à pandemia, que já provoca escassez de produtos.
— Alguém pode dizer que isso é absolutamente normal. Sim, já passamos por isso “n” vezes. Possivelmente em um horizonte de três ou seis meses isso se normaliza, mas vamos passar por um “temporalzinho”.
Schmitt também destacou que o desempenho de exportações é o pior em 12 anos. Os indicadores de mercado externo mostram que caíram 29,35% no acumulado de 12 meses. As importações também caíram no mesmo período: -30,41%. Com isso, o saldo da balança comercial teve desempenho negativo de 28,18% no acumulado de 12 meses.
— Isso se deve um pouco pelas crises dos países vizinhos, mas também à nossa perda de competitividade. O continente africano e o Oriente Médio, que eram clientes tradicionalíssimos de Caxias até anos atrás, hoje não aparecem nem na vista dos compradores. Algum outro está vendendo para eles _ alerta.