O período de raleio, que antecede a colheita da maçã, em Vacaria, terá cerca de três mil trabalhadores neste ano. O número representa entre 2 mil e 2,5 mil pessoas a menos em relação a 2019. A redução é mais um impacto da pandemia, que levou os produtores a optar por contratar apenas mão de obra local no período. O raleio consiste em retirar frutos em excesso ou defeituosos com o objetivo de melhorar a qualidade da colheita.
Segundo José Sozo, presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi), para compensar o número menor de trabalhadores, o setor pretende tornar mais eficiente o chamado raleio químico. A prática já é adotada há vários anos, mas depende da aplicação de produtos em uma janela de tempo específica para que dê bons resultados.
— Estamos pensando em investir mais no raleio químico para não depender de gente de fora. Se o trabalhador vem para a cidade pode estar trazendo o vírus ou levando de volta — observa.
Nos anos anteriores, além da mão de obra local, o setor costumava contratar funcionários de fora da cidade no período de raleio com o objetivo de que eles permanecessem para a colheita. O intervalo entre o fim de um período e o início de outro é de cerca de 15 dias.
Agora, trabalhadores de fora da cidade serão recebidos apenas para o período da colheita, que vai de janeiro a maio, com maior demanda nos dois primeiros meses do ano. Isso porque a expectativa do setor é de que a transmissão do coronavírus esteja em um ritmo menor no início de 2021. De acordo, com Sozo, a estimativa é de que sejam necessárias 10 mil pessoas se somando à mão de obra local a partir de janeiro. O número é semelhante ao de outras safras.
Com pessoas de locais tão variados — como Mato Grosso e Nordeste — reunidas em uma mesma região, uma série de medidas já são adotadas para evitar a contaminação entre os funcionários. Entre elas, a divisão das refeições em três grupos, em vez de todos os colegas almoçarem juntos. Na colheita deste ano, nenhum caso de coronavírus foi registrado entre os trabalhadores, segundo Sozo. E ele garante que os cuidados continuarão com o uso de equipamentos de proteção.
— Se alguém não concorda com o uso, se para na hora e conversa com a pessoa. No campo, 55% dos nossos custos são de mão de obra. Como não vamos tratar bem esse pessoal? Se não for assim, vamos explodir nosso negócio — avalia.