Há mais de 35 anos distribuindo soluções tecnológicas, a caxiense MATVSUL Eletrônicos é hoje a maior distribuidora autorizada Intelbras no Sul do Brasil. A visão empreendedora, aliada às políticas de negócios da empresa, contribuiu para o seu crescimento nos últimos anos. Uma expansão que a jovem Greici Naujorks Friedrich, 34 anos, Diretora Controller da empresa, quer estender para a abrangência da marca e para o portfólio de produtos, com apoio das equipes, oferecendo a mais completa linha nos segmentos de telefonia, informática, segurança, antenas e energia solar. A empresa tem sede em Caxias do Sul e possui filiais em Porto Alegre, Novo Hamburgo, Santa Cruz do Sul e Xangri-lá, e em Criciúma, Santa Catarina — esta última, a primeira fora do RS, foi inaugurada em novembro passado. Confira a entrevista:
Como iniciou a sua trajetória na MATVSUL?
Eu entrei na empresa em 2007, por meio de uma indicação. Comecei como auxiliar administrativo, na recepção, emitindo notas, enfim, rotinas administrativas. Depois, surgiu uma vaga no financeiro, como auxiliar. Aí, a pessoa que era gerente financeira na época mudou-se. Surgiu a oportunidade e, enfim, foi assim. Hoje sou Diretora Controller. A empresa é bem aberta, as oportunidades surgem a todo momento. Mas mesmo quando eu estava na recepção, na função de auxiliar administrativo, nunca me preocupei em fazer só o que era da minha atividade. Eu busquei conhecer outras áreas, sempre me coloquei à disposição. Acabou que eu assumi a vaga de gerente financeiro, a empresa cresceu muito nos últimos três, quatro anos, e aí criamos funções de diretor, que não existiam. As oportunidades foram surgindo e eu aproveitei.
A empresa inaugurou a primeira filial fora do RS no final do ano passado. Qual sua avaliação dessa expansão?
Para nós é um mercado novo. A gente inaugurou a filial em Santa Catarina, no sul do Estado. O que a gente percebeu é que, mesmo sendo próximo do RS, é uma cultura diferente, o cliente é diferente, a forma como as negociações têm de ser conduzidas, a concorrência também não é igual, então, para a empresa é um aprendizado. Nós adquirimos uma empresa, então, não começamos do zero. Acho que foi mais rápido o processo, buscamos o resultado mais rápido, mas mesmo assim a gente teve de se adaptar bastante quanto à cultura da região, à forma como as pessoas atendem. É diferente do RS, então, foi uma experiência nova. A gente pretende nos próximos anos expandir, crescer na Região Sul.
Quais são os maiores desafios do setor de atuação da MATVSUL?
A concorrência é grande em todos os mercados, cada vez mais. E o nosso principal desafio é que a gente trabalha com tecnologia. Os produtos mudam muito rápido, a forma como o consumidor vai olhar para o produto muda muito rápido, o estoque fica defasado muito rápido. É um processo de seis, sete meses até o produto chegar na empresa e a gente colocar à venda. Nesse meio tempo, já entraram outros produtos novos, aquele que eu recebi já está defasado, não atende à necessidade do cliente. Então, nosso desafio diário é estar sempre atualizado e, principalmente, conseguir manter o estoque estabilizado para que os produtos não fiquem desatualizados.
E o que vocês fazem para garantir a atualização?
Hoje a gente tem um setor de compras bem focado nisso. Temos alguns alinhamentos com o próprio comercial. A gente faz reuniões a cada 15 dias falando sobre mercado, sobre produtos novos. A empresa tem consultores externos visitando os clientes, tentando trazer a informação de forma mais rápida possível.
O coronavírus afetou os negócios da empresa?
Até o momento, não. Nós não notamos nada. A gente até estima que, talvez, em abril tenha alguma quebra. O que aconteceu, a única coisa pontual, é que a China tem o feriado do Ano-Novo (chinês) e foi estendido, mas, no nosso caso, os produtos já estavam embarcados, a gente teve importações chegando essa semana mesmo. Por enquanto, não sentimos nenhum efeito. Quanto ao dólar, sim. Essa volatilidade, de subir muito rápido, é muito ruim, porque se eu estou fechando importações e tenho necessidade de fechar o câmbio naquele dia, não tenho tempo para aguardar, acabo fechando com o dólar muito alto. Talvez até eu receber o material, a moeda já tenha estabilizado, reduzido um pouco o patamar e aí o meu preço não vai ficar competitivo, ou a empresa vai ter de reduzir margem. A questão não é nem o dólar estar alto ou estar baixo, é a volatilidade, a mudança muito brusca tanto para cima quanto para baixo.
Neste domingo foi comemorado o Dia da Mulher. Como é ocupar um cargo de liderança? Você enfrentou algum tipo de dificuldade pelo fato de ser mulher?
Aqui na empresa, não. Hoje a gente até tem outras três mulheres em função de gerência na empresa, ainda temos muito mais homens. Mas eu não enfrentei nenhum problema quanto a isso. Acho que no mercado atual já mudou muito, e eu tenho uma visão que a própria mulher, às vezes, se traz um pouco para baixo ou se retrai. Eu sempre procurei não me impor no sentido autoritário, mas ficar sempre na mesma linha.
E que conselhos você daria para uma mulher que almeja um cargo de liderança?
Seguir firme no objetivo, não desistir no primeiro "não", que talvez, sim, a gente escuta. Independente de ser mulher ou homem, a gente escuta. Dependendo a carreira, a gente até pode se sentir um pouco acuada por ser mais masculina a função. Mas ser persistente, acho que o conselho é esse.