As lideranças empresariais da Serra pedem o retorno gradativo das atividades econômicas, entendendo que é possível manter os negócios e seguir as restrições recomendadas pelos órgãos da saúde para evitarmos o coronavírus. Ao final da primeira semana de portas fechadas na indústria, no comércio e nos serviços, entidades da região fazem coro ao manifesto Pela Reativação da Economia Gaúcha, assinado pelas federações das Indústrias (Fiergs), da Agricultura (Farsul) e do Comércio de Bens e de Serviços (Fecomércio) na quinta-feira (26). Na Capital, o pedido foi para a reavaliação das estratégia de contenção quase total.
O Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC BG) encabeçou um manifesto (confira a íntegra) assinado por outras 13 entidades e endereçado ao prefeito Guilherme Pasin na sexta-feira (27). O documento solicita autorização para a retomada gradual das atividades da indústria, do comércio e dos serviços a partir de 1º de abril de 2020, quarta-feira. A proposição sugere priorizar o isolamento social apenas dos integrantes do grupo de risco e pede a liberação dos demais indivíduos para que possam voltar ao trabalho, buscando a retomada da normalidade na economia do município.
Rogério Capoani, presidente do CIC BG, diz que vem conversando com o prefeito:
— O sentimento do empresário é de pura aflição, passa de medo. Vemos e recebemos comunicados até de empresas grandes que pensam em como enxugar, quantos demitir. Vivemos um momento decisivo. Precisamos urgentemente que a máquina econômica volte a se movimentar. O que a gente tentou fazer foi nos solidarizar ao prefeito para que tenha mais tranquilidade na decisão. Todos têm os dados para um lado e para o outro. Caberá a ele filtrar e pensar o que tem de fazer.
A Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) tem conversado diariamente com os poderes Executivo e Legislativo no sentido de reabrir pontualmente empresas de diferentes pontas da cadeia produtiva local, principalmente para garantir que não haja desabastecimento e que o atendimento na saúde não seja interrompido. O pedido atual é para que, a partir da semana que vem, mantendo todas as orientações médicas, 25% do comércio e da indústria operem.
— A nossa posição é que saúde e economia têm de andar de mãos dadas. Ocorre que o desespero do empresário é o desespero de quem tem de pagar as contas e está com dificuldade. Ele está com dificuldade inclusive de renegociar, o que dirá pedir dinheiro novo ao banco. E quem está trabalhando está num nível de estresse enorme. Seria muito importante uma previsibilidade sobre o tempo necessário de isolamento social, mas isso ninguém consegue dar. Estamos atentos à evolução dos fatos — afirma Ivanir Gasparin, presidente da CIC Caxias.
Vacaria também pede a retomada gradual a partir da semana que vem, como experimento:
— Se não der certo, a gente fecha de novo. Saúde e economia são questões que precisam andar juntas, mas não é fácil. A pressão é grande. Deveria ter um decreto mais uniforme, para todos os municípios, porque não adianta ter um decreto em Vacaria, outro diferente em Caxias — diz João Teodoro Roveda, presidente da Câmara da Indústria, Comércio, Agricultura e Serviços (CIC) de Vacaria.
A Associação do Comércio, Indústria e Serviços (ACI) de Carlos Barbosa também divulgou comunicado defendendo a retomada das atividades a partir da primeira semana de abril, preservando grupos de risco, cuidados individuais e evitando aglomerações.
Pedro Andreis, presidente da Visão, Agência de Desenvolvimento da Região das Hortênsias, informa que a entidade está em contato com os empresários para divulgar uma posição e anunciá-la junto com o prefeito de Gramado, João Alfredo de Castilhos Bertolucci, até segunda-feira.
— A princípio, estamos todos em quarentena até o dia 6. 85% das empresas daqui dependem do turismo. E o turista está afastado porque também está isolado.