O casal Pedro Rodrigues dos Santos, 60, e Eunice Angelina Pagnonceli, 68, está entre os pioneiros na produção de mirtilos orgânicos em Caxias do Sul. Em sua propriedade, na Ala Direita da Linha Feijó, interior do município, eles cultivam um hectare da pequena fruta, considerada milagrosa no combate a várias doenças. É uma das 30 famílias que aderiram à produção de orgânicos em Caxias do Sul. Um setor que cresce, em média, 20% ao ano no Rio Grande do Sul.
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Reduzir o preço dos orgânicos é um desafio
As primeiras mudas de mirtilo foram plantadas em 2008. Desde então, a paixão pela fruta só cresceu. Seu Pedro prepara a terra, planta, poda e colhe. O prazer pelo trabalho é percebido na forma como ele colhe as pequeninas frutas. Ele separa delicadamente cada uma e as coloca na cesta sem machucá-las.
— É preciso amor e muita paciência. Eu gosto — conta, sem reclamar do sol escaldante que torna a tarefa ainda mais difícil.
Enquanto Pedro cuida da plantação, Eunice criou a empresa Cia do Mirtilo, por meio da qual comercializa a fruta e o suco. No ano passado, a colheita rendeu em torno de 3 mil quilos. Este ano, por conta do clima, deve chegar a 1,5 mil quilos. O preço de venda vale cada centavo investido: cerca de R$ 37 o quilo. Para fazer um litro de suco, são necessárias cerca de 3,4 mil frutas.
— Pelo trabalho que dá, o valor ainda é muito baixo — observa.
Ela tem razão. A mão de obra é um dos entraves para produzir mais. A atividade exige muito esforço, principalmente na colheita.
— Conseguir pessoas qualificadas para a tarefa é muito difícil — justifica Eunice.
Ela também busca constantemente novos conhecimentos sobre o cultivo e aplica na propriedade.
Conhecimento, aliás, é a palavra-chave para produzir produtos orgânicos.
— É preciso estudar a planta, entender o que ela precisa, impedir que as pragas cheguem até ela. Tudo isso sem veneno. Não é um trabalho fácil. Tem que gostar — explica Eunice.
Não à toa a Cia do Mirtilo possui a chamada Certificação Participativa, reconhecida pela Rede Ecovida de Agroecologia vinculada ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e que reconhece a qualidade e a confiabilidade do produto orgânico.
Para quem pretende produzir mirtilo, o investimento inicial para o cultivo de 1 hectare gira em torno de R$ 50 mil.
Microempa tem grupo voltado ao setor de orgânicos
De olho no crescimento do mercado orgânico, a Associação das Empresas de Pequeno Porte da Região Nordeste do Rio Grande do Sul (Microempa) criou, em 2019, um grupo setorial voltado à cadeia de produtos naturais. Atualmente, 15 empresários participam do núcleo.
O objetivo é trabalhar ações conjuntas para aumentar as vendas e resolver os gargalos das diferentes empresas do segmento. Os participantes podem visitar coletivamente possíveis clientes, fazer capacitações, visitar feiras e eventos de degustação, entre outras atividades.
A iniciativa conta com lojas de produtos naturais, fabricantes de artigos do gênero, restaurantes e agroindústrias.
Para participar, basta agendar um dia e horário para conhecer o trabalho.
— São grupos de empreendedores de um mesmo segmento ou com interesses em comum que se unem para crescer e se desenvolver de forma coletiva — explica a consultora da Microempa Josiani Billig.
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