Ter um filho é o sonho de muitos homens e mulheres. E com o avanço da medicina, mesmo quem não consegue engravidar pode torná-lo realidade. Mas isso tem um custo que, às vezes, pode ser alto. Em Caxias do Sul, a fertilização in vitro (FIV), por exemplo, custa, em média, R$ 20 mil. O valor é maior que uma inseminação, que costuma ficar entre R$ 5 mil e R$ 6 mil. A taxa de sucesso, ou seja, a chance de engravidar com uma FIV também é maior: na casa dos 40%, contra 30% na inseminação.
— É um tratamento caro. Tem todo controle que as clínicas devem ter, os produtos são importados. Mas já foi mais caro. Em 1995, custava 10 mil dólares — diz Fábio Pasqualotto, médico e proprietário da Conception Centro de Reprodução Humana.
O preço pode subir consideravelmente se o paciente optar por recursos extras. Um exame para avaliação do embrião para verificar se os cromossomos são normais pode elevar em 30% o valor final do tratamento. O número de fertilizações com avaliação, aliás, cresceu neste ano na Conception. Em 2018, o número ficava entre 20% e 30% do total. Em 2019, até agora, já representa 50%.
Apesar do custo elevado, a opção de avaliação é recomendada para mulheres mais velhas, porque pode evitar crianças com alterações genéticas.
— As pessoas ficam preocupadas com o quanto vão gastar, mas os tratamentos são individualizados. O valor é diluído, porque o processo é feito em etapas — acrescenta a médica Francieli Maria Vigo, sócia-proprietária da Effetto, espaço que oferece os procedimentos em Caxias há três anos em parceria com a clínica Nilo Frantz, de Porto Alegre.
— Os casais que têm noção da importância, que sabem o que significa para eles (ter um filho), se organizam financeiramente — completa Carla Schmitz Vigo, sócia de Francieli.
No Estado, o Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, oferece a fertilização pelo SUS. O Fêmina, até março deste ano, estava com o serviço suspenso. A instituição foi procurada, mas não confirmou se o tratamento voltou a ser ofertado. A FIV e a inseminação não são cobertas por planos de saúde — somente a indução de ovulação, bem mais em conta, a partir de R$ 100, é paga.
Com o aumento da expectativa de vida e os casais postergando a gravidez cada vez mais, Pasqualotto acredita ser questão de tempo para que exista incentivo para a realização de métodos de reprodução assistida.
— Está reduzindo o número de crianças. A faixa etária média do brasileiro é 40 anos. Na França, até seis tentativas de fertilização o governo paga. Na Dinamarca, 10% das crianças nascidas são por fertilização — exemplifica Pasqualotto.
Desde 2002 no mercado, a Conception já possibilitou o nascimento de 1,6 mil crianças após procedimentos cirúrgicos reprodutivos e tratamentos de reprodução assistida. A primeira criança já é hoje um jovem de quase 17 anos.
Perfil
Os pacientes que realizam tratamento na Conception têm entre 35 e 40 anos. 42% são mulheres e 37%, homens. É a faixa etária predominante desde 2015.
Normas
> Uma resolução de 2015 do Conselho Federal de Medicina estabelece normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução (RA) assistida.
> É permitido, por exemplo, uso das técnicas de RA para relacionamentos homoafetivos e pessoas solteiras.
> No caso de doação de gametas ou embriões, não poderá ter caráter lucrativo ou comercial.
> Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa.
> Sobre a gestação de substituição ou cessão temporária do útero, também conhecida como barriga de aluguel, é permitida desde que exista um problema médico que impeça ou contraindique a gestação na doadora genética, em união homoafetiva ou pessoa solteira.
> A cedente temporária do útero deve pertencer à família de um dos parceiros em parentesco consanguíneo até o quarto grau.
> A cessão temporária do útero não poderá ter caráter lucrativo ou comercial.