Com números em tamanho reduzido, a discreta tabela num dos acessos do Posto Capoani, no bairro Santa Lúcia, informa o preço da gasolina comum: R$ 5,19 o litro. Esse foi um dos valores mais altos entre os verificados pelo Pioneiro em mais de 30 estabelecimentos da cidade e já indica a aproximação e, em alguns casos, superação do marco simbólico dos R$ 5 pelo litro do combustível. Desde outubro do ano passado, estabelecimentos não haviam mais registrado esse patamar.
Já na comparação com março, o caxiense está pagando média de 24 centavos a mais pelo litro da gasolina comum, sendo que, na pesquisa anterior da reportagem, no dia 21 do mês passado, o valor já havia subido média de 30 centavos em relação a fevereiro.
E o que já estava salgado para o bolso do consumidor deve piorar. Nesta terça-feira, após 18 dias sem reajuste, a Petrobras anunciou aumento médio de R$ 0,0396 no preço da gasolina nas refinarias. Portanto, logo também esse aumento deve chegar nas bombas das revendedoras.
Com mais esse aumento, a gasolina chega nas refinarias a R$ 1,975, maior valor desde outubro de 2018, quando era vendido por R$ 1,98.
— De janeiro deste ano até agora, o diesel subiu consideravelmente. O consumidor já está ciente de que praticamente 10% de toda a cadeia de combustível está na mão da revenda e da distribuição. O ponto de venda não tem nenhuma culpa no preço que está aí — comenta o presidente do Sindipetro Serra Gaúcha, Eduardo Martins.
Apesar de todos os postos consultados pelo Pioneiro estarem apresentando valores superiores a R$ 4,80 o litro, para os motoristas, ainda assim, resta fazer pesquisa entre os estabelecimentos para amenizar o prejuízo.
— Isso é uma palhaçada. Diminuíram (o preço) para deixar o pessoal faceiro, mas já estão aumentando de novo. Eu que dependo do carro todos os dias preciso fazer pesquisa para buscar algum posto que cobre menos — lamenta a entregadora Mireia Colatto.
POR QUE VARIA?
Diversos elementos influenciam na oscilação dos valores. Entre eles, o preço cobrado na refinaria pela Petrobras, variável de acordo com a cotação do dólar e do barril de petróleo, e o preço do etanol que entra na composição da gasolina e que está vinculado a questões como a safra de cana. Apesar de serem contestados pelas redes de postos, os tributos, como ICMS tem menor variação. Representam percentual no preço, mas não são os grandes responsáveis pelas variações de um mês para outro.*
PRÓXIMOS DIAS
Reajustes aplicados pela Petrobras e não repassados às revendedoras ainda devem surgir e gerar novos aumentos, assim como o novo reajuste anunciado ontem pela Petrobras. A variação do preço do petróleo em nível internacional também deve influenciar para eventuais novos reajustes.
Para João Fernandes, economista da Quantitas Asset Management, gestora de fundos gaúcha, o cenário para maio não deve se reverter e novos aumentos devem incidir no preço da gasolina comum:
— Se avaliarmos o preço internacional do petróleo com o que está sendo praticado pela Petrobras, verificamos que a estatal está operando preço abaixo do lá de fora. Portanto, ainda não aumentou tudo o que tinha para aumentar — avalia.
Na projeção da Quantitas Asset Management, pelo menos 2% devem ser acrescidos ao longo de maio ao preço final.
Com o reajuste, o preço em Caxias deve se consolidar nos R$ 5 o litro.
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