Com expansão de dois dígitos ano após ano, o mercado de produtos naturais tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil. A crescente busca do consumidor por alimentos saudáveis tem motivado uma série de empreendedores a investir neste segmento. Em Caxias do Sul, o cenário não é diferente. Nos últimos anos surgiram no município diferentes estabelecimentos focados nesta área. A cidade ganhou de lojas que vendem orgânicos até pequenas fábricas de comidas veganas.
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Nutricionista de formação, Jéssica Casagrande é uma das empreendedoras que recentemente viram potencial no segmento de artigos naturais em Caxias. Ao lado da irmã Morgana Casagrande, criou em 2015 a Hortelã Pimenta, loja voltada à comercialização de artigos a granel e produtos integrais. Em setembro de 2017, o espaço em Ana Rech ficou pequeno e a empresa decidiu se mudar para um ponto maior, também no distrito. Desde então, o volume de vendas triplicou.
– As pessoas têm visto (a compra de alimentos naturais) como um investimento em qualidade de vida. Consumir um produto saudável hoje pode ajudar a prevenir doenças no futuro – justifica Jéssica.
Atualmente, a venda de produtos a granel responde por 70% do faturamento da Hortelã Pimenta. Oleaginosas, como castanhas, nozes e amêndoas, estão entre os alimentos mais vendidos. Jéssica nota que, desde que ingressou no ramo, mais concorrentes surgiram. A empresária calcula que hoje disputa o mercado com pelo menos 30 lojas com perfil semelhante à sua. Ainda assim, diz que não vê as outras empresas como rivais. Para ela, quanto mais pontos de venda de produtos naturais existirem, mais consumidores aparecerão.
De olho na ascensão deste mercado, a Associação das Empresas de Pequeno Porte da Região Nordeste do Rio Grande do Sul (Microempa) decidiu criar um grupo setorial voltado à cadeia de produtos naturais. A procura de empresários interessados em participar chegou a surpreender a consultora da Microempa Josiani Billig. Mais de 40 companhias se inscreveram para participar da primeira reunião, nesta semana.
– Em média, os grupos contam hoje com 15 a 20 empresas. Quando abrimos o grupo da gastronomia, em 2016, tivemos 14 interessados – compara.
O objetivo do grupo é trabalhar ações conjuntas e resolver os gargalos das diferentes empresas do segmento. A iniciativa contará com lojas de produtos naturais, fabricantes de artigos do gênero, restaurantes e agroindústrias.
A produção de alimentos orgânicos está entre os principais expoentes do mercado de artigos naturais. De acordo com o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), os negócios envolvendo alimentos feitos sem agrotóxicos movimentaram R$ 4 bilhões no país em 2018. O diretor do Organis, Cobi Cruz, enfatiza que o mercado cresce em torno de 20% por ano e deve seguir aumentando em ritmo veloz.
– Todo dia ficamos sabendo de uma feira, loja ou produtor investindo em orgânicos. Está se abrindo uma consciência de consumo – destaca Cruz.
Neste sentido, um dos principais desafios está em popularizar o acesso aos orgânicos, que custam em média 30% a mais que os alimentos convencionais. Segundo pesquisa feita pelo Organis, apenas 15% dos brasileiros consomem alimentos deste tipo com alguma frequência. Além disso, 41% dos entrevistados pelo conselho apontaram o preço como o principal entrave para a compra dos produtos.