O total de impostos pagos pelos caxienses em 2018 passou de R$ 514 milhões. O valor representa crescimento nominal de quase 15% em relação ao ano anterior e 205% se comparado com o que era pago há 10 anos. Os valores foram registrados pelo site “Impostômetro”, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Para estabelecer um comparativo, a inflação acumulada no país nos últimos 10 anos foi de 86,7%, segundo dados do Banco Central. O salário mínimo subiu 130% na última década. É uma mostra de quanto a renda da população foi corroída no período. Nos primeiros 14 dias de 2019, os caxienses já pagaram R$ 25 milhões, 6,8% a mais que 2018, quando foram desembolsados R$ 23,4 milhões. Boa parte desta carga se refere ao pagamento antecipado (com descontos) do IPTU e do IPVA.
10 tipos impostos
No Brasil, segundo a Receita Federal, a carga tributária chega a 32,4% do Produto Interno Bruto (PIB). A carga é o resultado total dos tributos arrecadados pelo governo em relação PIB.
É imposto que não acaba mais: ICMS, ISSQN, PIS, Cofins, IR, CSLL, INSS, FGTS, etc. São pelo menos 10 no total nas esferas nacional, estadual e municipal. Poucas pessoas conseguem diferenciá-los.
O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) indica que, os brasileiros trabalham, em média, 150 dias – cinco meses – por ano somente para pagar impostos. Essa carga é 56% maior do que a média dos países da América Latina, como Colômbia, Uruguai, Peru e Chile.
Para simplificar, a cada R$ 1 produzido, o governo fica com R$ 0,33 para investir em áreas como educação, saúde, habitação, segurança pública, saneamento, infraestrutura, geração de empregos, inclusão social, entre outras. Essa é principal reclamação de empresários, funcionários e consumidores.
— O dinheiro que pagamos não aparece em benefícios para a sociedade. Não vemos retorno — reclama um empresário.
"Dá vontade de desistir", diz empresário
Dono de uma rede de lojas de material escolar, o empresário Marcos Rossi Victorazzi, sente na pele o peso dos impostos. Diariamente. Muitos tributos são pagos na hora da compra dos produtos, por exemplo. E sem saber se este item será ou não vendido.
— São tantos impostos que não se sabe mais como calcular o preço de venda do produto — reclama.
Portanto, nem sempre vender pelo dobro do custo significa lucro. Os impostos da linha de material escolar representam entre 20% e 50% do custo de venda. A carga tributária de uma caneta, por exemplo, é de 49,95%. Outros itens também têm carga elevada, caso do lápis (34,99%), caderno (34,99%), borracha (39,29%) e mochila (39,62%). E mais:
— Se a caneta não for vendida, fico com o produto e os impostos estocados — exemplifica.
Manter o negócio funcionando, segundo ele, exige malabarismos.
— Tem que ser maluco para entender e calcular estes custos.
Custos que precisam ser repassados para o consumidor final. Caso contrário, o negócio fica inviável. Assim como muitos caxienses, Rossi também não visualiza retorno. Nem mesmo para sua equipe de trabalho, que tem “descontos absurdos” na folha de pagamento.
— É uma conta muito injusta. Dá vontade de desistir!
Um imposto único para todos os setores, segundo Rossi, facilitaria a vida dos brasileiros.
Os números