A época é de colheita de frutas em que a Serra tem destaque na produção, como a uva e o pêssego. A maior parte do que sai das lavouras vai para a produção de sucos, vinhos, espumantes e para o consumo in natura. Mas não se pode ignorar que uma cota está reservada para os tachos de onde saem as geleias ou chimias. Há quem faça em casa para o consumo da família, com receitas que vêm passando de geração em geração. Por outro lado, para a sorte de quem não tem a paciência de ficar por horas e horas esperando a mistura ficar pronta, é possível encontrar o produto em mercados e feiras.
As opções são variadas. Desde a tradicional, quase igual à que as nonnas fazem, até a linha gourmet. No interior de Paraí, a agroindústria Casa do Sabor atende a todos os públicos. Começou há sete anos produzindo 10 sabores tradicionais. Hoje, além desses, agrega alternativas como laranja com gengibre, caipirinha e figo com nozes. As opções com pimenta e sem açúcar completam as alternativas para o cliente.
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Responsável pela produção e atuando também na área de vendas, Raquel Pelegrini está quase se formando em engenharia de alimentos. Durante a faculdade, fez um trabalho que resultou na versão em que o açúcar é dispensado. A agroindústria também vende apenas em potes de vidro, opção que mantém a conservação do produto por mais tempo, sem a adição de produtos químicos.
— A gente trabalha só com vidro, sem adição de conservantes. É um nicho de mercado mais específico. Então, não é tão fácil atingir esse público, fidelizar o cliente. E hoje a gente tem bastante concorrência em todos os segmentos. Então, o detalhe é se destacar, sempre manter e melhorar a qualidade, ampliar a linha de produtos para conseguir fazer o que o cliente está pedindo — comenta Raquel.
Em Nova Petrópolis, a agroindústria Essência da Serra também utiliza apenas potes de vidro. No mix de produtos, são 14 opções, entre sabores com e sem açúcar. Das sete frutas oferecidas, cinco são produzidas na propriedade rural da família. A agroindústria, que surgiu em 2010, agrega outro diferencial: as chimias são totalmente orgânicas. Um dos proprietários, Paulo Andriola destaca que o produto tem um nicho de mercado específico. Além das vendas para merenda escolar, as geleias são comercializadas na feira orgânica de Caxias do Sul e em casas de produtos naturais.
— É um público diferenciado e, por ser um público diferenciado, ele também já é um mercado mais limitado. Então, não tem mercado à vontade. Ele tem o processo de orgânico também, que tem crescido bastante, mas ele não é valorizado pela maioria da população. Por enquanto, é uma minoria que dá o valor devido ao produto agroecológico — salienta o produtor rural.
Andriola afirma ainda que o hábito de consumir as chimias com pão se mantém na região, mas é pouco comum no centro do país, onde os doces são vistos como sobremesas. Por isso, ele acredita que esse é um mercado que irá encolher nos próximos anos.