
Nunca em sua história, Caxias do Sul registrou um índice tão alto de devedores. São 76,6 mil CPFs negativados ou seja cerca de 1/3 terço da população economicamente ativa está “pendurada” no Sistema de Proteção ao Crédito (SPC).
O crescimento médio por mês é de 2%. São cerca de R$ 200 milhões que estão deixando de circular na economia caxiense. E este dinheiro faria muita diferença nos resultados dos comerciantes. Se comparado com 2013, quando os números começaram a ser registrados pela CDL, o salto foi de 9 mil pessoas – 13,5%. Em 2016, a casa do 70 mil foi furada e ali permaneceu.
— Isso complica a economia de qualquer município — destaca o assessor do CDL Caxias e professor Mosár Leandro Ness.
Como resolver? A CDL diz que tem movimentos contínuos para tentar negociar as dívidas, mas reconhece que está difícil. O cenário piora com a falta de perspectivas e entradas de dinheiro novo no mercado, a exemplo do que aconteceu no ano passado com a injeção de R$ 180 milhões das contas inativas do FGTS.
— Dependemos das pessoas quererem recuperar seu crédito.
Comércio pretende crescer 8% em 2018

O comércio é o terceiro setor de Caxias do Sul – o primeiro é a indústria e o segundo o serviços. Portanto, os comerciantes dependem do desempenho industrial para poder crescer. A boa notícia é que a economia da cidade, puxada pelo setor industrial, prevê um crescimento de 8% este ano. O dobro da previsão nacional, que deve ficar em 3,5%.
— Caxias tem uma peculiaridade. Geralmente, cresce o dobro do que cresce o Brasil – calcula o assessor do CDL.
O diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC Alexander Messias também acredita na recuperação do setor.
— O comércio vai embarcar no trem da indústria, que vai puxar o resto —prevê.
A presidente do Sindilojas, Idalice Manchini, que também é lojista na cidade, diz que já está sentindo a guinada neste início de ano.
Mesmo com a queda de 23% nas vendas em janeiro, em relação a dezembro de 2017, ela aposta na mudança de perfil do consumidor e das lojas para reverter o quadro.
— Não adianta só ser competitivo e criativo, é preciso usar muito mais o verbo “suar” e colocar as ideias e a inovação na prática do negócio, diariamente. Para manter a lucratividade, é necessário cortar gastos, investir em planejamento e em processos e qualificar pessoas — avalia Idalice.
Retrato do comércio caxiense
Empregos
Em novembro de 2014, o comércio caxiense empregava 28.484 mil trabalhadores formais. Em novembro de 2017, este número caiu para 27,484. Baixa de 2 mil postos. E estas vagas não serão recuperadas tão cedo.
— Não visualizo a reposição destes postos pelo menos nos próximos dois anos — diz Ness.
Segundo ele, é preciso aprender com a crise. Estamos neste processo de aprendizado, de planejar de fazer mais com menos.
Mas é preciso tempo para esta reestruturação.
A vinda da Havan
A chegada da Rede Havan e do atacarejo Stok Center vai mexer com o comércio caxiense. Enquanto uns comemoram o pouso da grande rede, outros não festejam tanto.
— É a pizza sendo dividida em mais pedaços, e cada vez mais pequenos —exemplifica Idalice.
Segundo ela, Caxias deveria atrair mais indústrias, que é a vocação da cidade. Para o assessor da CDL a vinda da Havan vai revolucionar o comércio caxiense e abre novas perspectivas. Ele compara o comércio antes e depois da instalação do Iguatemi Caxias e da entrada de grandes redes de hipermercados.
— Nos ensinaram a mudar de estratégias. A Rede de mercados Andreazza, por exemplo, aprendeu e cresceu. os comerciantes vão ter que se adequar a este novo momento.
Festa da uva
Fez muita falta para o comércio. Era a chance de alavancar negócios numa das épocas mais difíceis do setor.
Falta de lideranças
Sair da crise vai depender das empresas e somente delas. Pelo menos por enquanto. A constatação é do assessor da CDL Mosár Ness. Ele assegura que a cidade carece de lideranças que tomem a frente e liderem movimentos para mudar a situação.
— Os principais setores da economia deveriam ter líderes que "brigassem" pelo setor que representam e buscassem alternativas. Precisamos de uma cidade mais diversificada.
No prego
Nunca Caxias deveu tanto. 76 mil estão "pendurados no prego" com os CPFs negativados. Em 2013 eram 67 mil _ salto de 9 mil. Com isso R$ 200 milhões deixam de circular no mercado.
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