No início da tarde de segunda-feira, o produtor de uva Ivanor Toscan, 40 anos, exibia os cachos de uva com coloração antecipada em sua propriedade no interior de Nova Pádua, na Serra Gaúcha. No início da tarde de hoje, o mesmo cenário era de desolação. O rápido temporal que passou pela região atingiu em cheio os parreirais de Toscan e deixou um prejuízo ainda incalculável.
A estimativa do agricultor é de que pelo menos 50% dos seis hectares das videiras carregadas de uvas foram atingidos pelo granizo. Este ano, a colheita de Toscan seria antecipada em pelo menos 15 dias.
O secretário da Agricultura de Nova Pádua, Samoel Smiderle, calcula que pelo menos 80 propriedades do município foram danificadas pelo temporal. Em Flores da Cunha, o vento e a chuva de granizo também trouxeram destruição nas lavouras, principalmente na parreiras. Segundo a prefeitura, em algumas colônias 50% da produção acabou caindo por terra. Os maiores prejuízos foram registrados nas comunidades de Otávio Rocha, Linhas 60, 80 e 100, São Gotardo e Alfredo Chaves. Locais isolados na divisa com o município de Nova Pádua também foram atingidos.
A Secretaria da Agricultura, a Emater e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua ainda estão fazendo o levantamento para apurar o número de propriedades atingidas. Os agricultores também já estão recebendo orientações para realizar tratamentos químicos para amenizar os prejuízos.
Em Caxias do Sul, produtores da Linha 60 e Vila Oliva também relataram prejuízos em cerca de 50% das lavouras. Morador da Linha 60, Paulo Casagrande estava no centro de Caxias quando o temporal aconteceu, por volta do meio-dia. Em seguida recebeu uma ligação de familiares informando do estrago.
Com quatro hectares de perreiras, Casagrande estava esperando uma boa safra. Pretendia colher cerca de 150 toneladas. Com a quebra, este número deve baixar para 75 toneladas.
— As videiras estavam carregadas. A uva estava linda. Fazer o que, esta é a vida de agricultor — reclama Casagrande.