A maior parte das flores comercializadas no Rio Grande do Sul no Dia dos Namorados, comemorado na segunda-feira, vem de fora do Estado. Segundo o presidente da Associação Rio-Grandense de Floricultura (Aflori), Yuuki Ban, mais de 90% das flores vendidas na data não são produzidas aqui. As informações são da Gaúcha Serra.
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Junto com o Dia das Mães e o Dia da Mulher, o Dia dos Namorados é uma das datas mais importantes para o comércio das flores de corte, e a produção local não consegue atender à demanda. Conforme o presidente da Aflori, o Dia de Finados também é importante para o setor, mas vem diminuindo nos últimos anos.A entidade reúne 50 associados, tanto produtores rurais de flores de corte e de paisagismo quanto fabricantes de insumos e floriculturas. A principal produção do Estado está no Vale do Caí.A Serra gaúcha também tem produtores, mas se destaca mais como mercado consumidor. Conforme Ban, a colonização europeia da região valoriza o cultivo de jardins.
No Dia dos Namorados, a maior procura é por rosas vermelhas. Na última sexta-feira, o agricultor Nelson Martini, que cultiva rosas na Linha Imperial, em Nova Petrópolis, fazia a entrega em floriculturas de Caxias do Sul.Em meio às entregas, conversei com a filha dele, Deise, que trabalha com o pai. Ela relatou que houve impacto nas vendas com a crise, mas não a ponto de inviabilizar o negócio. Além das rosas, a família cultiva astromélias e vende principalmente em Gramado, Canela e Caxias, na Serra, mas também para Novo Hamburgo, Ivoti e Dois Irmãos.
O presidente da Aflori prevê patamar de vendas semelhante ao do ano passado. Ele relata que 2016 foi um ano com queda mais significativa nas vendas. Além da crise econômica, afeta nos negócios o clima, tanto na produção quanto no consumo, já que a chuva diminui o movimento nas lojas. O tempo chuvoso das duas últimas semanas, por exemplo, diminuiu a produtividade devido à pouca luz, o que também pode se refletir nos preços neste dia dos namorados.
Uma das sócias da floricultura Úrsula, de Nova Petrópolis, Christine Hesse Gross, também relata queda nas vendas ao longo dos últimos anos. A empresa tem dezenas de funcionários e conta com produção própria em três unidades. A floricultura comercializa também para outras floriculturas e produtores rurais, com o pré-cultivo. Christine chama atenção para o problema da informalidade, o que prejudica os produtores regularizados. Yuuki Ban considera que a informalidade pode ser explicada por desconhecimento ou uma situação em que o agricultor entra devido à sua condição financeira do momento. Mas ele também observa que, na hora de buscar empréstimo para comprar maquinário e aumentar a produção, a informalidade acaba se tornando um obstáculo e não se sustenta.
Em termos de mercado, o presidente considera que há espaço para novos produtores de flores, mas ressalta que produzir apenas para uma época não funciona por causa do custo fixo. Hoje, um empreendimento novo precisa de um investimento alto, entre R$ 500 mil a R$ 1 milhão, e é importante ter uma área de 5 a 10 mil metros quadrados de estufa, conforme o presidente.