Em assembleia realizada na manhã deste sábado, os metalúrgicos de Caxias do Sul resolveram continuar mobilizados e não aceitaram a proposta de dissídio salarial, feita pelo sindicato patronal da categoria (Simecs). A negociação, mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), terá uma nova etapa no dia 12 de setembro.
O Simecs ofereceu a reposição da inflação pelo INPC, em três parcelas: 2% retroativo a junho, subindo para 5% em agosto e chegando a 9,82% em dezembro. O presidente em exercício do sindicato dos trabalhadores metalúrgicos, Claudecir Monsani, entendeu que é possível avançar mais e obter outros benefícios:
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– Queremos uma licença maternidade de 180 dias para toda a categoria. Quanto ao reajuste, queremos que as datas sejam antecipadas e o índice, melhorado. Esperamos sensibilidade da parte patronal para atender às demandas.
No encontro, ocorrido no auditório da sede do sindicato, o momento político do Brasil também foi abordado, de maneira crítica pelos metalúrgicos. Monsani diz que há o temor de perda de direitos trabalhistas, com a transição do governo de Dilma Rousseff para o de Michel Temer:
– É muito difícil recuperar os nossos direitos depois de perdidos. Temos de lutar para não perdermos direitos como 13º salário, férias e aposentadoria. A principal arma dos trabalhadores é o sindicato.
– O que tornou essa campanha diferente foi o clima político que estamos vivendo no país. Vivemos um momento de crise econômica e de capitalismo. Por isso, temos que resistir e lutar contra a retirada de direitos. Essa é a grande tarefa da campanha salarial deste ano – complementa o assessor jurídico do sindicato, Pedro Maurício Pita Machado.
O diretor presidente do Simecs, Reomar Slaviero, defende que a proposta oferecida é "muito boa" diante da situação econômica atual:
– As empresas, especialmente as micro e pequenas, que respondem por 70% dos postos de trabalho na região, não estão bem, e precisamos evitar um aumento de custo que possa causar o fechamento dessas empresas e, consequentemente, mais desemprego.
Entretanto, ele ressalta que as empresas não estão fechadas à negociação:
– Se eles (o sindicato dos metalúrgicos) tiverem uma proposta, podem trazer para analisarmos na mediação.