O mercado retraído está fazendo com que caxienses busquem alternativas para garantir o sustento ou uma graninha extra no final do mês. Experimentar novos ramos ou colocar em prática ideias diferentes podem ser caminhos para driblar os tempos difíceis. Para tentar aumentar as vendas, um grupo de 14 mulheres se uniu em busca de alternativas. Trabalhando em ramos diferentes, elas resolveram montar um bazar para mostrar e vender seus produtos para a comunidade. A maioria tem seu trabalho formalizado e se queixa dos efeitos da crise, principalmente nos últimos meses.
– No inverno retrasado, quase não tínhamos tempo para produzir e entregar todos os pedidos. No ano passado, diminuiu um pouco. Nesse ano, ficamos sem trabalho por vários dias. Sabemos que a hora é de aperto para todos, mas não dá para ficar com os braços cruzados – diz Silvana Macedo, dona de uma confecção de roupas que vai expor no bazar.
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A ideia do encontro, em agosto no bairro Floresta, partiu da confeiteira Ivana Macedo. Ela produz e vende doces e salgados ao lado da mãe, Maria Suzana, e acredita que o bazar pode dar ainda mais visibilidade para o trabalho delas. Mais de 80% dos clientes de Ivana conheceram seus produtos por meio de redes sociais.
– Temos uma clientela boa, mas precisamos expandir se quisermos permanecer no mercado diante dessa crise. O bom do bazar é que estaremos juntas em um só lugar, então as pessoas podem conhecer o nosso trabalho e comprar de tudo, desde doces até trabalhos em crochê – afirma.
Desempregado desde o início do ano, Juarez dos Santos tentou, mas não conseguiu se recolocar no mercado de trabalho imediatamente. Sem encontrar vaga como auxiliar administrativo, ramo no qual trabalhou por 10 anos, o caxiense resolveu arriscar e investir em uma de suas paixões: a culinária. Há pouco mais de um mês, começou a fazer sanduíches e salgados em casa e a vendê-los para familiares e amigos. Até agora, o negócio está dando certo e, se continuar lucrando, Santos pretende formalizar o trabalho e abrir uma empresa nos próximos meses.
– Minhas filhas sempre compravam lanche na rua e pagavam bem caro. Aí, já que sempre gostei de fazer em casa, comecei a produzir em quantidades maiores. E não é que o pessoal gostou do sanduíche? Estou receoso de abrir uma empresa no meio dessa crise, mas vou estudar a possibilidade para voltar ao mercado.
Empreender é bom, mas é preciso cuidado, garantem especialistas
Abrir um negócio próprio pode ser uma solução para encarar a crise, mas a decisão requer cuidado. Fazer uma boa pesquisa de mercado, consultar a concorrência e conversar com quem já está à frente de uma empresa são as principais dicas de especialistas. Zeli Zambros, presidente do Conselho da Empresária da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias, também alerta que é preciso investir em uma área que se tenha afinidade. Só assim o negócio terá chances de emplacar:
– Não se pode ter pressa. A ânsia de empreender pode fazer com que se coloque os pés pelas mãos. No passado, empreender era uma solução, hoje pode não ser mais em função da alta carga tributária, entre outros fatores. O mercado está em crise, mas ainda existem áreas boas para se investir e é preciso estudar muito bem.
Tiago Mignoni, gestor de atendimento do Sebrae na Serra, afirma que testar a entrada em um ramo, assim como faz Juarez dos Santos ao vender sanduíches, é válido e indicado para quem deseja reingressar no mercado de trabalho. O comportamento do empreendedor, de acordo com Mignoni, é decisivo para o sucesso em qualquer área.
– Perfil e características inovadoras são o diferencial. Se, depois de muita análise, se conseguir ver que o negócio é mesmo uma boa oportunidade, vale arriscar e não ter medo de empreender – garante.
Programe-se
O bazar ocorre no dia 13 de agosto, das 10h às 17h, na Associação de Moradores do Bairro Floresta (Rua Atílio Bassanesi, 2.255). A entrada é gratuita e o evento é aberto para a comunidade.