Os empresários do setor vitivinícola da Serra gaúcha acordaram na quarta-feira com um gosto amargo na boca. A esperada redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos vinhos foi derrubada no Congresso Nacional. Os parlamentares aprovaram o veto que mantém a alíquota em 10% na noite de terça-feira.
Apesar da maioria dos deputados federais votarem pela derrubada do veto, que permitiria que o IPI caísse de 10% para 6% neste ano e para 5% a partir de 2017, não houve os mais de 250 votos suficientes para reverter a decisão.
Na abertura da Festa da Uva deste ano, o então ministro do Trabalho e Desenvolvimento Social, Miguel Rossetto, prometeu que a redução da alíquota sobre os vinhos viria por meio de um decreto. A Receita Federal barrou a decisão e foi nisso que muitos deputados se basearam na hora de votar.
O diretor executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani, acompanhou a votação em Brasília e disse que, apesar da articulação de deputados gaúchos e da região da Uva e Vinho, como Pepe Vargas (PT) e Mauro Pereira (PMDB), é muito difícil reverter um veto ainda mais com as mudanças recentes.
– A alegação dos governistas é de que, no dia em que estavam aprovando um déficit do governo federal de R$ 170 bilhões, não seria adequado aprovar a redução do IPI. Mas, na verdade, esta é uma adequação de um aumento que foi exagerado.
Conforme Paviani, se a diminuição do imposto fosse aprovada, o vinho brasileiro poderia oferecer preços mais competitivos, já que o IPI representa 10% do faturamento da vinícola no mercado e 4% no preço final de um vinho.
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O presidente da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), Márcio Brandelli, lamentou a manutenção da alíquota em 10%. Ele acredita que a medida vai retrair as vendas.
Proprietário da Vinícola Almaúnica, Brandelli afirma que pagou R$ 47 mil de IPI em 2015 e que, se vender a mesma quantidade de vinho com o mesmo valor do ano passado, vai pagar R$ 260 mil de alíquota neste ano, 453% a mais.
– Até dezembro do ano passado, pagávamos R$ 0,73 por garrafa e agora pagamos 10% do valor da garrafa. Por exemplo, um produto de R$ 50 pagamos R$ 5 de IPI. É um aumento estrondoso. Foi uma bola nas costas da cadeia da uva e do vinho. A gente vai brigar – promete o presidente da Aprovale.
Brandelli afirma que vai conversar com os deputados e tentar negociar a redução do IPI para 5%.
Na próxima semana, o Ibravin pretende apresentar um estudo para o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC), para buscar uma nova negociação da alíquota por meio de decreto.
Economia
Deputados federais derrubam redução do IPI dos vinhos
Alíquota de 10% aprovada no final de 2015 se mantém
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