Investir em tecnologia e pesquisas que aprimoram produtos desenvolvidos na região é um dos desafios da Serra Gaúcha. Deixar o imediatismo de lado e apostar em estudo e inovação é algo que precisa se tornar hábito empreendedor da região. É o que assegura Enor Tonolli, professor e coordenador executivo do TecnoUCS, Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação da UCS.
Amanhã, uma rodada com novidades elaboradas por pesquisadores caxienses será apresentada ao mercado, com profissionais que buscam empresas que acreditem em suas ideias. É a última etapa do StartUCS, projeto que aborda o empreendedorismo e que integra o TecnoUCS. Trata-se do PitchDay, quando serão apresentados ao mercado os sete trabalhos desenvolvidos desde o ano passado e que chegam para mostrar que boas ideias ultrapassam as barreiras da crise econômica.
O StartUCS começou em 2015 com 15 ideias de trabalho. Metade chegou na reta final. Foram desenvolvidas por alunos, funcionários e professores dauniversidade que tiveram os trabalhos selecionados via edital. Desde então, receberam suporte gratuito de profissionais das áreas financeira, contábil, mercadológica e tecnológica, em encontros que ocorreram no TecnoUCS. Empresários e professores que atuam no mercado compartilharam estratégias importantes para que os projetos saíssem do papel e se tornassem competitivos.
- O que eles ganham é suporte que ensina como estruturar a empresa e ser sustentável financeiramente. É o passo em que o projeto deixa de ser uma ideia e vai para o plano da indústria - afirma Tonolli.
Os projetos serão exibidos para toda equipe do StartUCS e também profissionais da indústria e investidores que podem auxiliar no financiamento destas ideias. Estimular o empreendedorismo é uma boa saída para superar os entraves econômicos que o país vive, e o momento para estes futuros empresários é de firmar boas parcerias.
- Muitos projetos já foram testados e só dependem de investimento. A pesquisa está no estágio final, então precisam apenas se tornar viáveis comercialmente - ensina o coordenador.
Embalagem inteligente no mercado
Oferecer mais segurança alimentar, possibilitar maior durabilidade dos alimentos e a garantia do uso de menos conservantes na composição deles. Estas demandas do consumidor são alvo do trabalho de três pesquisadores da UCS que apresentarão aos investidores do PitchDay o conceito de embalagens ativas (chamadas informalmente de embalagens inteligentes), voltadas para alimentos. O trabalho segue a linha de tendências do mercado, apontada pela Associação Brasileira de Embalagem (ABE) como também forte candidato de vantagens econômicas para a indústria das embalagens, já que aumenta a durabilidade do produto. A embalagem ativa desenvolvida no laboratório de polímeros da UCS pela doutora em Engenharia de Materiais Rosmary Nichele Brandalise e por Ivana Sandri, doutora em Engenharia de Alimentos, é fruto de um trabalho de mestrado que ganha forma com o auxílio dos profissionais do StartUCS.
- A intenção é inibir o crescimento de fungos, manter cor, aroma e sabor de em pães, por exemplo. A embalagem ativa mantém a qualidade do alimento por maior tempo -afirma a professora.
O produto não traz benefícios somente na conservação de pães, mas também em frutas como maçã e pêra, garante Rosmary.
- Testamos em frutas que em pouco tempo escurecem. Com a embalagem, o período de oxidação foi alterado - explica.
A pesquisa é desenvolvida há pelo menos dois anos e meio e está prestes a ganhar o mercado. Exemplos desta aplicação em plásticos já circulam pelo mercado, segundo a professora, não somente em embalagens ativas, mas também em modelos que identificam se produtos frios de supermercados estão condicionados na temperatura correta: caso esteja sem refrigeração ou tenha sido aberta, ela altera a cor indicando que não está apropriada para consumo.
DNA que mapeia a saúde
Informações sobre seu tipo genético podem ser valiosas aliadas no processo de emagrecimento ou fortalecimento muscular. E para obter detalhes do seu DNA é que o jovem estudioso Maurício Schiavo, 25 anos, desenvolveu o projeto Teste Genético para Identificação de Pré-Doenças, um dos sete que serão apresentados na quinta-feira via StartUCS. A ideia de Schiavo surgiu quando estudou nos Estados Unidos e percebeu que o método não era comum no Brasil. Na prática, ele seleciona de 6 a 16 dos principais genes que influenciam na performance e estilo de treino e no plano alimentar ideal.
- As poucas empresas que fazem estes testes no nosso país enviam os resultados para laboratórios do exterior - detalha o jovem.
Se for disponível ao mercado, o projeto funcionaria da seguinte forma: o cliente adquire via internet um teste genético. Na sua casa, ele recebe um kit de autocoleta com um swab, que é uma espécie de cotonete. O paciente esfrega o item no interior da boca e envia uma amostra de saliva para o laboratório que Schiavo comandaria. O resultado vai acusar uma série de detalhes responsáveis pelo metabolismo e saúde do paciente, como se suporta um biotipo mais voltado para o maratonismo ou velocismo, por exemplo.
- Também identificamos qual a dieta perfeita para que o emagrecimento seja mais eficiente- detalha.
O investimento que o jovem precisa é alto, cerca de R$ 800 mil, mas busca parceiros que o ajudem a viabilizar a ideia e implantar o serviço pioneiro no país.
- Os reagentes são caros e a estrutura toda é, mas há possibilidade de sair do papel - acredita.
O projeto está detalhado no site www.robustgenetics.com
StartUCS
Embalagens inteligentes e testes de DNA são projetos de empreedorismo da UCS
Ideias serão apresentadas no PitchDay, na quinta-feira, na universidade
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