O Brasil vive um momento complicado na economia e na política, fruto especialmente de uma má gestão do governo federal, e sim, a situação ainda vai piorar mais para depois melhorar. Mas há motivos para esperança: ao longo dos anos, o País consolidou importantes conquistas que farão esse cenário passar em algum momento - nem que seja apenas em 2018, quando um novo governo assumir.
A análise dura, mas com toques otimistas, é do economista Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda que esteve na última quinta-feira palestrando em evento da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CICS) de Farroupilha. O encontro foi palco ainda da entrega do Troféu O Empreendedor para Alexandre Grendene Bartelle.
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Embora não poupe críticas à Dilma Rousseff, ressaltando que a presidente é "muito fraca do ponto de vista político", Maílson sinaliza que é contra o impeachment. Para o economista, esse tipo de processo paralisa as movimentações econômicas:
- Gosto muito de uma definição do FHC (Fernando Henrique Cardoso) que diz que impeachment é igual a bomba atômica: é para se ter, mas não é para se usar. O impeachment não foi criado para se tirar uma presidente incompetente ou que dirige mal o país, foi criado para situações mais sérias. Senão a gente vai banalizar esse processo que é tão poderoso para um país - acredita.
Para Maílson, o melhor a se fazer é "pagar o preço de mais três anos" e manter Dilma na presidência. Até porque, segundo o economista, o Brasil conta com conquistas relevantes (veja quadro), como instituições sólidas, que estimulam o governo a detectar e corrigir erros:
- Estamos vendo isso agora. A presidente Dilma deu uma guinada na política econômica, não necessariamente porque acredita nas palavras e propostas do ministro Joaquim Levy, mas porque é obrigada a apoiá-lo no ajuste fiscal por um instinto de sobrevivência. Em algum momento, esse cenário de retração vai acabar e, na minha opinião, 2018 será o ponto de inflexão dessa realidade - analisa.
Entre os fatores que mais emperram o crescimento do Brasil, acredita Maílson, o destaque é para os baixos níveis de produtividade, já que "quem não ganha produtividade, não fica rico". "Fugir" para países desenvolvidos, porém, avalia Maílson, está longe de ser a melhor solução:
- Não chegou a hora de desistir do Brasil. Tem gente que diz "vou embora, vou morar em Miami". Passei dois anos morando no Exterior e digo: não é fácil se integrar em outros países. Dai o cara vai para Miami, só fica amigo de brasileiro, e se reúnem no fim de semana para falar mal da Dilma. Se for sair pra fazer isso, fica aqui pra falar mal da Dilma.
Análise econômica
"Não chegou a hora de desistir do Brasil", diz ex-ministro, em Farroupilha
Economista Maílson da Nóbrega palestrou em noite de homenagem a Alexandre Grendene Bartelle
Ana Demoliner
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