A economia desacelerada que não deu nenhuma trégua desde o início do ano não está sendo páreo para a vocação empreendedora dos caxienses. De janeiro a maio, 1,3 mil novos negócios foram criados na cidade, o que já ultrapassa com folga todo 2009, outro período de recessão. Naquele ano, apenas 200 empreendedores haviam apostado em novas empresas. Os dados se referem aos Microempreendedores Individuais (MEIs) e foram divulgados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Parte dos caxienses, ao que tudo indica, tem transformado as demissões (e o dinheiro que vem com elas) na chance para realizar o sonho de empreender. A falta de boas oportunidades em um mercado que já fechou mais de nove mil vagas no último ano é outro fator importante:
- As pessoas podem empreender por oportunidade ou por necessidade. Normalmente a maioria dos casos, na Serra, é por oportunidade, já que se trata de uma região empreendedora. Mas nesse momento cresce a leva de quem empreende por necessidade, seja por ter perdido o emprego, seja por querer uma nova renda -constata Rogério da Silva Rodrigues, gerente regional do Sebrae.
Ter surgido em decorrência de uma necessidade, vale ressaltar, não é sinal de que o negócio irá prosperar mais ou menos. Com planejamento e análise de mercado adequados, observa o gerente, qualquer empresa pode ganhar espaço.
A forma utilizada pela maioria dos novos empreendedores para entrar no mercado é sendo um MEI, alternativa que foi criada em 2008 e começou a ter adesão em Caxias justamente em 2009, em meio à crise. De lá para cá, o programa tem ganhado força e mesmo com a retração atual, o crescimento se mantém em relação aos últimos anos. Para ser um microempreendedor é necessário faturar até R$ 60 mil por ano e ter no máximo um empregado contratado.
"Não se apavorem. A crise vai passar"
Até então funcionária terceirizada de algumas malharias, Maria Clarete Stedten, 58 anos, percebeu que precisava expandir para outros negócios em 2009. Naquele ano, muitas empresas davam sinais de retração e os pedidos de novas peças, juntamente com a renda, começaram a minguar. Algumas malharias que Clarete fornecia chegaram a fechar e outras passaram para a produção computadorizada.
Além de fabricar malhas, Clarete passou então a vender a sua produção e outros itens de porta em porta. Logo sentiu falta de um ponto fixo de comercialização e, assim, procurou o Sebrae e se formalizou como uma microempreendedora individual no final de 2009.
A loja da empreendedora, que fica no bairro São José, vende de tudo: malhas, camisetas, casacos, vestidos, acessórios, meias e outros itens. O que não vende e o cliente pedir, ela vai atrás para conseguir:
- As crises se repetem, só muda o ano. A situação de agora é bem parecida com a de 2009. Por isso eu digo: não se apavorem. A crise vai passar. Enquanto isso, façam promoções, facilitem as negociações - ensina.
Empreendedorismo
Caxias criou 1,3 mil novos negócios em 2015
A cidade conta com mais microempreendedores neste ano do que durante toda crise de 2009
Ana Demoliner
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project