Em meio a um cenário nacional desacelerado, com a indústria automotiva registrando queda de 28,9% em fevereiro na comparação com o mesmo período do ano passado, o dólar alto é encarado como um dos poucos pontos positivos do momento atual para os empresários de Caxias. Com a moeda americana nas alturas, explorar novos países compradores se torna mais viável e surge como opção estratégica para diminuir o baque do mercado interno retraído. Por outro lado, alguns consumidores acostumados a adquirir itens importados lamentam a supervalorização das últimas semanas, que chegou a ultrapassar a marca de R$ 3,50.
A disparada no valor se deve principalmente pela melhora econômica dos Estados Unidos depois de uma época de recessão, explica Fábio Abreu de Paula, diretor do departamento de Economia, Finanças e Estatísticas da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC). A baixa valorização da moeda americana era uma queixa antiga do setor industrial.
- O dólar alto é uma oportunidade para a indústria caxiense ganhar mercado externo, principalmente agora que é um período complicado para as vendas internas - destaca Abreu.
O processo para conquistar novos países, porém, é complexo e demorado. Por isso, o ideal para a indústria, acredita o diretor, é que o dólar se mantenha alto por bastante tempo, com oscilações, mas pouco bruscas.
Outro fator interessante da moeda americana estar em alta, lembra a assessora de Economia e Estatística da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul (CDL), é que o saldo da balança comercial costuma ficar positivo com esse cenário:
- O dólar mais caro é bom porque inibe a importação, especialmente dos produtos chineses, que são concorrentes dos nossos itens em muitos segmentos. Assim, o setor produtivo nacional em geral fica mais competitivo - esclarece.
No último balanço, com dados de fevereiro, já há sinais de que o dólar alto vem ajudando o comércio internacional: as exportações caxienses cresceram 25,3% em relação a janeiro e as importações caíram 37,1%.
Se por um lado a indústria e boa parte do comércio estão comemorando a alta do dólar, os lojistas que vendem produtos importados e alguns consumidores acostumados a comprar esses itens lamentam a disparada. Setores como perfumaria, cosméticos e acessórios são os mais afetados.
Amilto Enedir da Silva, proprietário da Juliu's Acessórios e Bijuterias, acredita que os impactos do dólar devem vir com mais força nas próximas semanas, já que os pedidos para fora normalmente demoram 90 dias.
Balança comercial
Dólar alto favorece exportações da indústria de Caxias
Moeda americana nas alturas também inibe a importação de itens de fora
Ana Demoliner
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