A inflação é coisa do passado, a taxa de juros do país deve se manter baixa e o Euro vai sobreviver à crise europeia. Essas são algumas das projeções para a economia apontadas pelo ex-ministro da Fazenda Maílson de Nóbrega. O economista ficou à frente do ministério entre janeiro de 1988 e março de 1990 e esteve em Caxias na quarta-feira para palestrar na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC).
Entre uma alfinetada e outra no governo petista, Maílson destacou que a produtividade é a chave do sucesso para a economia de qualquer país. Entre as principais características positivas do Brasil, o economista citou a democracia, o judiciário independente, o Banco Central autônomo, a imprensa livre e a capacidade de detectar e corrigir erros.
A distância do populismo latino-americano também foi destacada por Maílson como fator importante para que o país mantenha bons resultados. Segundo o ex-ministro, o risco para o futuro do Brasil está na perda de oportunidades (que segundo ele pode ocorrer devido à ausência de reformas) e no baixo crescimento:
- Por enquanto dá para encarar o futuro do país com otimismo. O Brasil deu certo, falta agora ficar rico.
Confira a opinião de Maílson sobre outros temas debatidos na palestra e em uma entrevista:
Inflação - Se as projeções de Maílson se confirmarem, a inflação não voltará mais a ser algo fora de controle. Segundo o economista, o país conseguiu construir ao longo dos anos um conjunto de mecanismos que cria incentivos para a preservação da estabilidade da moeda.
- Poderia ser melhor do que está, o Brasil não precisa ter uma média de inflação de 4,5%. Esse não é o padrão dos países emergentes. Poderia ser 3%. Mas o governo, desde a época do Lula, se convenceu que o país pode viver com uma taxa de inflação maior. Acho isso um erro, mas eles tem legitimidade para fazer isso - destaca.
Maílson classificou o descontrole da inflação como "suicídio político":
- A sociedade brasileira se tornou intolerante à inflação. A alta permanente de preços destrói a popularidade política e, portanto, o governo sempre fará de tudo para preservar a estabilidade.
Desindustrialização e futuro - Maílson ressaltou que atualmente a indústria cresce menos que o PIB no país, o que faz o setor perder competitividade. Segundo ele, isso ocorreu principalmente pelo crescimento do custo trabalhista.
- Esse aumento se deu em função da valorização do câmbio e do consumo estar crescendo mais que a oferta - explica.
O economista apontou que se o governo não promover nenhuma reforma (tributária, fiscal ou trabalhista), a economia tende a ficar estagnada. Uma revolução na educação, com foco no Ensino Fundamental, também foi citada por Maílson como essencial para o país se tornar rico.
- Do jeito que está, dificilmente o PIB vai crescer mais que 3% ao ano.
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