Desde que o governo anunciou a abertura de um processo para definir se a aplicação de medidas de salvaguarda ao vinho importado é necessária para defender a indústria nacional, um movimento contrário a essa demanda, levantada por entidades do setor, começou a se formar. Na última semana, quando baladados chefs de restaurantes cariocas como Roberta Sudbrack e Felipe Bronze se posicionaram via Twitter sugerindo boicote a vinícolas que apoiassem o estudo da salvaguarda, a polêmica se acendeu. Tanto que dirigentes do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) viajaram para o Rio de Janeiro e São Paulo, de segunda até esta quarta, para difundir argumentos favoráveis à salvaguarda.
Proprietário do restaurante Aprazível, localizado no bairro carioca de Santa Teresa, Pedro Hermeto confirma que já retirou de sua carta de vinhos os produtos de duas vinícolas gaúchas que se posicionaram abertamente a favor da adoção da medida.
- Eu não acredito na imposição de barreiras à entrada do que vem de fora como forma de desenvolver o produto nacional - explica Hermeto.
Pelo Twitter, a chef Roberta Subrack, do restaurante carioca de mesmo nome, convocou os 30 mil seguidores a assinarem uma petição contrária à salvaguarda. Roberta também retirou da sua carta vinhos de vinícolas brasileiras favoráveis à medida. Num texto divulgado por sua assessoria de imprensa, Roberta afirma que é a favor do vinho nacional. "É público e notório que o meu restaurante foi o primeiro, senão o único, até hoje, a banir os vinhos argentinos e chilenos para prestigiar o vinho nacional. Isso acontece há mais de sete anos. E sempre incentivamos principalmente os pequenos produtores que produzem algumas jóias pouco conhecidas", diz o texto.
Para o diretor-executivo do Ibravin, Carlos Raimundo Paviani, a concorrência com os importados é legal, mas é desleal atualmente.
- O que queremos mudar é essa estrutura que se estabeleceu no mercado. O que estamos buscando é regular as importações brasileiras - diz Paviani.
Algumas pequenas vinícolas já tem se manifestado contrárias à salvaguarda. O diretor e enólogo da Vallontano, de Bento Gonçalves, Luís Henrique Zanini, avalia que a maioria das pequenas empresas do setor não será beneficiada, caso a entrada de importados seja restringida.
Leia mais sobre o assunto no Pioneiro desta quarta-feira.
Polêmica na taça
Restaurantes cariocas e algumas vinícolas da Serra gaúcha são contrários à salvaguarda para vinhos importados
Chefs badalados do RJ anunciaram boicote aos produtos de empresas favoráveis à medida
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