Em meio às crescentes preocupações com o equilíbrio das finanças públicas na Europa, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu cortes nos gastos do governo ontem. Analistas têm advertido que o Brasil deve aprender com os erros dos europeus.
- Estamos estudando a possibilidade de reduzir o consumo do governo, mas temos de olhar com cautela. Se for confirmado um crescimento bem mais forte do que esperamos, acima de 6%, podemos reduzir o consumo do governo e os gastos correntes de ministérios podem ser diminuídos - afirmou Mantega durante o seminário Brazil Infrastructure Summit, no Rio.
Depois de reiterar que a economia brasileira já voltou a crescer a níveis pré-crise e lembrar que os estímulos estão sendo retirados, o ministro antecipou que a redução pode chegar à "demanda do setor público" para manter o crescimento equilibrado neste ano e nos seguintes. Segundo Mantega, a demanda doméstica está mostrando crescimento de 8% a 8,5%, e a redução do ritmo dessa expansão, se necessária, ocorrerá no setor público e não no setor privado. Indagado sobre onde poderiam ser feitos cortes, o ministro preferiu citar pontos que não serão afetados:
- Vamos manter todo o programa de investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), senão criamos gargalos. Os programas sociais serão mantidos, e os programas de custeio podem ser postergados ou diminuídos.
Presente no seminário, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, comentou que a perspectiva de redução da demanda do governo deve ser eficiente para ajudar a desaquecer o crescimento, mas a questão é definir quando a decisão será efetivamente tomada.
- Os efeitos dependem de em que momento será incorporado o fato de que o Brasil já cresce acima de 6%. A essa altura, um crescimento de 6,5% ou até mais parece razoável - avaliou.
Um eventual agravamento da crise europeia não traria impacto no sistema financeiro nacional, conforme o Relatório de Estabilidade Financeira do segundo semestre de 2009, divulgado ontem pelo Banco Central (BC). "Os testes de estresse demonstraram que o sistema bancário detém nível adequado de capital", avaliou o relatório. O sistema bancário detém capital e ativos líquidos suficientes para suportar o crescimento de seus negócios, principalmente as operações de crédito."
Economia
Ministro da Fazenda diz que governo pode ter que cortar gastos
Objetivo é manter o equilíbrio diante do atual ritmo de expansão da economia, diz ministro
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