A vida e a carreira artística breves, interrompidas tragicamente quando a caminhonete Veraneio em que viajava colidiu contra um ônibus entre Pelotas e Rio Grande, não impediram que José Mendes (1939-1974) se tornasse um ícone da cultura gaúcha. Neste final de semana, em Esmeralda, município que o artista tinha como seu por adoção, seu legado será celebrado com boa prosa e muita música, a fim de recordar pérolas como Pára, Pedro, As Coisas do Meu Rincão e Vá Embora Tristeza.
O evento será realizado na localidade de Santa Terezinha, onde está instalado o Memorial José Mendes, construído em forma de violão, e que abriga um museu e também a lápide do artista, que nasceu em Machadinho. Além de shows de música nativista, haverá almoço e jantar promovidos pelo CTG Rincão da Amizade, missa e uma tertúlia de participação livre, na qual músicos, declamadores e trovadores irão reverenciar o artista que deixou oito álbuns gravados e também se aventurou no cinema, atuando nos longas Pára, Pedro (1969), Não Aperta Aparício (1970) e A Morte Não Marca Tempo (1973).
- É um evento para relembrar, especialmente aos jovens desta região, que inclui Esmeralda, São José do Ouro, Machadinho, Lagoa Vermelha e Vacaria, a importância de José Mendes. Um cantor que teve apenas cinco anos de auge na sua carreira, mas o suficiente para se tornar um imortal, que levou a música gaúcha para todo o Brasil e para o exterior - destaca o radialista Francisco Zanotto, o Tio Guri, um dos organizadores do evento.
Um dos músicos escalados para o tributo, o acordeonista vacariense Uiliam Michelon ressalta como um aspecto importante da obra de José Mendes o sentimento que o cantor colocava em cada interpretação:
- Ele colocava um sentimento que é peculiar daqueles cantores que realmente tinham a música como missão, como uma maneira de aliviar as dores do povo. Percebo que havia esse algo a mais na voz dele, que passa uma energia muito boa. Da mesma forma as letras que ele cantava, fossem dele ou de outros compositores, sempre traziam uma mensagem positiva, muitas vezes falando do valor da amizade ou do amor pela terra.
Também como instrumentista Michelon comenta que José Mendes deixou um legado digno de ser estudado por músicos de qualquer época:
- A gente olha para essas composições que têm mais de 50 anos e percebe o quanto a música popular era mais elaborada. Algumas coisas na obra do José Mendes são muito à frente do que se fazia na época, em termos de arranjo, de harmonias mais voltadas para o choro. Será um prazer enorme poder tocar algumas dessas músicas neste evento que vai ser muito bonito.
Entre os destaques da programação estão shows nativistas do cantor Mauro Moraes e de Nilton Ferreira & Grupo Pampa Y Cielo, além de baile com o conjunto Os Vacarianos. Outro momento bastante aguardado é a chegada de uma cavalgada que sairá de Machadinho para percorrer os Caminhos de José Mendes.
PROGRAME-SE
O quê: tributo a José Mendes - 50 Anos de Saudade
Quando: sábado, a partir das 10h, e domingo, a partir das 10h30min
Onde: Memorial José Mendes, na comunidade Santa Terezinha, em Esmeralda
Quanto: evento gratuito (com disponibilidade para acampamento)
PROGRAMAÇÃO
SÁBADO
10h: Palco Livre
14h: Tertúlia Livre (inscrições com o Tio Guri, pelo 54 - 99228-0220)
19h: jantar no CTG Rincão da Amizade (ingressos com a patronagem)
20h30min: abertura oficial com a presença de familiares
21h: show com Mauro Moraes Trio
23h: baile com Os Vacarianos
DOMINGO
10h30min: Missa
11h30min: recepção da Cavalgada Caminhos de José Mendes
12h: almoço no CTG Rincão da Amizade (ingressos com a patronagem)
14h: show com Cassiano Paim e Uiliam Michelon
15h: show de encerramento com Nilton Ferreira & Grupo Pampa Y Cielo