Estreia nesta quinta-feira (20), na Sala de Cinema Ulysses Geremia, em Caxias do Sul, o filme O Último Ônibus, com roteiro de Joe Ainsworth e direção de Gillies MacKinnon. O filme é um road movie, uma jornada de 1.350 quilômetros estrada afora, com destino a Land’s End, no extremo Sul do Reino Unido. Mas, no fundo, a trama construída em camadas e subcamadas, revela uma travessia pelo interior da alma de Tom, interpretado com maestria pelo ator Timothy Spall.
Munido de um antigo mapa, anotações em uma caderneta, apontando a melhor direção para atravessar de Norte a Sul o Reino Unido, uma antiga valise de couro e vestindo terno e gravata e uma gabardine, Tom parte para sua viagem logo após a morte de Mary (Phyllis Logan), sua esposa. Parte do trajeto ele faz de ônibus, usando um cartão de passe livre, por conta da idade. E antes de seguir os passos de Tom nessa viagem, quem curtiu História Real (1999), do David Lynch, vai fruir em paz pelas estações de O Último Ônibus.
De cidade em cidade, no tempo que o tempo tem, Tom percorre universos distantes de sua realidade. Pois seu cotidiano era tranquilo, vivendo por muitos anos com a mulher que amou, sorvendo a vida com lirismo. Tecnicamente, pode-se dizer que o filme se utiliza de feedbacks, passagens do passado ancoradas no passado, para montar esse quebra-cabeças narrativo. Porém, transpondo a tecnicidade, a obra costura a travessia de Tom pelo Reino Unido com suas memórias afetivas mais ternas e intensas.
Lá pelas tantas, numa das canções usadas como trilha sonora, a cantora sussurra “Por que isso tem de acabar? Apenas dance comigo”. E de fato, viajando com Tom é inevitável a pergunta: “Por que ele está viajando e por que só agora, depois da morte da esposa?”. Guarde essas indagações, deixe-as de lado senão você não vai aproveitar a viagem. Paciência, porque O Último Ônibus é uma espécie de contramão dessa vida que parece corroer o tempo.
O Último Ônibus tem o tempo que vida tem, como se pudesse restaurar o que resta do lirismo nesses tempos pré-apocalípticos. Porque, no fundo, nos ensina Tom, “são apenas memórias”. No filme, cujas memórias são emolduradas pela janela da cozinha, com vista para a horta, a vida parece nos atravessa, mesmo quando não percorremos uma jornada estrada afora.
Agende-se
- O quê: “O Último Ônibus”, de Gillies MacKinnon. Com Timothy Spall e Phyllis Logan.
- Quando: De quinta-feira (20) até 30 de julho. Sessões de quinta a domingo, às 19h30min.
- Onde: Sala de Cinema Ulysses Geremia, no Centro de Cultura Ordovás.
- Quanto: Ingressos a R$ 16 e R$ 8 (meia entrada para estudantes, idosos, PCD e funcionário público municipal).