Dos diversos atrativos turísticos anunciados ao longo dos últimos anos na Serra, talvez nenhum tenha gerado tanta expectativa quanto o Mátria Parque de Flores, em São Francisco de Paula. Se no primeiro momento impressionaram os números envolvidos no empreendimento, em seguida as primeiras imagens trataram de despertar ainda mais interesse no parque situado às margens da ERS-235, quase no limite com Canela. E, desde sexta-feira, as cores, os aromas e a energia única do Mátria deixaram de ser mistério para poder ser, enfim, conhecidos pelo público.
Os 30 jardins, as mais de 300 espécies e as 7 milhões de mudas de flores espalhadas quase milimetricamente materializam o sonho de um casal que deixou Balneário Camboriú, no litoral catarinense, rumo à Serra Gaúcha, em meados de 2019. Osmar e Fátima Piazza são apaixonados por cicloturismo e por viagens de motor-home. Dos jardins observados em muitos destes passeios mundo afora, começou a nascer a ideia de criar um parque de flores, logo vista também como oportunidade de empreender, destinando R$ 25 milhões ao projeto.
– Por nosso propósito ser o de encantar e trazer felicidade e cura para as pessoas, vai muito além de ser apenas um empreendimento turístico. É um espaço que vai mostrar que se pode fazer a diferença com amor pela natureza e carinho e acolhimento pelo ser humano. Será também um lugar para estudos científicos, para projetos educacionais, oficinas com idosos e crianças. As possibilidades são infinitas – vibra Fátima.
A proprietária e idealizadora recebeu a reportagem do Almanaque na última segunda-feira, para uma conversa em uma das mesas do restaurante que irá operar no local, junto a outros atrativos gastronômicos, como uma pizzaria italiana, um restobar e uma adega subterrânea que armazena 400 rótulos de 25 países, com sommelier para ajudar nas escolhas de acordo com cada paladar. O clima no começo da semana ainda era de agitação para fazer os últimos ajustes, mas de sorrisos estampados nos rostos dos quase 70 funcionários, entre equipes de atendimento e jardinagem. Mais de 90% dos trabalhadores são moradores locais, assim como os artistas contratados para espetáculos semanais e apresentações musicais diárias, o que ajuda a demonstrar a simbiose entre o parque e a cidade.
– A gente diz que São Chico nos escolheu, porque foi aqui encontramos o terreno ideal para a nossa proposta, e desde então nos surpreendemos todos os dias com o potencial dessa cidade e com a receptividade das pessoas. Sentimos aqui uma energia muito especial e assumimos o objetivo de ajudar a tornar São Chico um lugar de destino, não mais de passagem – destaca a empresária.
Aberto todos os dias das 10h às 18h e com ingresso único que dá acesso a todo o parque (confira o serviço no quadro), em seus 50 hectares o atrativo cumpre o objetivo de ser uma espécie de Disneylândia para apaixonados por paisagismo e arquitetura contemporânea. Mais do que passear por entre jardins e pomares, ou caminhar pela mata nativa que leva a cantinhos quase escondidos, como o meliponário (coleção de colmeias de abelhas sem ferrão), os diferentes ambientes convidam a apreciar uma obra de arte, fazer a pausa para um lanche, relaxar sentado num banco, no balanço ou deitado na rede, colher amoras ou admirar o voo das borboletas.
Tão encantador quanto esses convites a momentos de ócio e descontração, no entanto, é deliciar-se com a interação entre o homem e a natureza. Só ela, afinal, é capaz de brindar os visitantes com dois túneis em arco cobertos por rosas brancas e glicínias, com jardins em forma de mandala, ou com o píer à beira de um lago natural, por onde também é possível remar em barcos de madeira. Outras expressões deslumbrantes dessa sinergia são as intervenções artísticas espalhadas pelo parque, como o Monumento à Borboleta e a obra Deslocamento, ambas com sutis referências que homenageiam a família proprietária, como presentes oferecidos pelo arquiteto Nicholas Alencar, da Alencar Arquitetura, e pela arquiteta-paisagista Juliana Castro, da JA8 Arquitetura e Paisagem, ambos de Santa Catarina, que co-assinam o projeto arquitetônico.
Os mais de 20 pontos de interesse se espalham pela área de 50 hectares, podendo ser percebidos de forma diferente dependendo do ângulo onde se observa, do horário em que se faz a visita ou da estação do ano, como se cada uma delas pintasse o parque com suas próprias cores. O Mátria de hoje não será o mesmo daqui a um ano, e por isso o ideal é sair pensando logo em voltar. Na intersecção entre as belezas que a natureza proporciona e a arte criada pelo homem, o Mátria chega para ser um destino quase obrigatório na Serra Gaúcha.
Serviço
O quê: Mátria Parque de Flores
Onde: km 68 da ERS-235, em São Francisco de Paula (estrada que liga o município a Canela
Quando: todos os dias, das 10h às 18h
Quanto: R$ 119,00 (R$ 59,50 para idosos, jovens entre 12 e 16 anos e moradores da cidade). Crianças até 11 anos não pagam.
Como comprar: pela plataforma online: ingressos.matriaparque.com.br