Projeto que nasceu da despretensiosa “ideia de gravar os manos”, com equipamentos baratos e até um computador emprestado pela sogra, a Cultural Revolução se transformou num importante selo de música independente de Caxias do Sul. Nas palavras do seu criador, o músico Álvaro de Lazari, é ainda mais do que isso: por atender os artistas desde a pré-produção, passando pela gravação, distribuição e registro formal de seus trabalhos, faz as vezes de um movimento cultural, enraizado no bairro São Luiz, nas proximidades do loteamento Campos da Serra.
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– Foi para me dedicar a esse sonho que larguei os trabalhos que fazia como roadie assistente de palco, em 2014. É um serviço de formiguinha, mas que está crescendo com muita ajuda e reconhecimento do pessoal que acredita. O interesse comercial é 2%. 98% é ajudar o pessoal a gravar o seu som e fazê-lo circular, já largando “pifado” nas redes sociais – comenta Álvaro, que também é baixista da banda de reggae Natural Dread.
Embora tenha surgido focado na difusão da cena local do hip-hop, nos últimos anos a procura pelo estúdio, que ocupa um cômodo na casa de Álvaro, se expandiu para bandas de rock, heavy metal, boy bands e até músicas para rituais do Santo Daime. De acordo com a necessidade, ele pode como instrumentista, criar as faixas de acompanhamento para vocalistas que não têm banda de apoio (o chamado riddim).
Sem realizar grandes esforços de divulgação, o crescimento se deu na base do boca a boca, impulsionado por artistas da periferia, que se identificam com a proposta:
– É a indicação que faz a galera vir dar o “salve”. Abrimos o leque para todos que vierem com a ideia de ir contra a corrente, de fazer refletir sobre a luta por justiça social, por direitos iguais. Fazer o que nosso nome diz, a revolução cultural.
Durante a pandemia, com a pausa na agenda da Natural Dread, que teve cancelada uma turnê na qual iriam de van até São Paulo, realizando shows pelo caminho, Álvaro focou nas atividades da Cultural Revolução. Se os primeiros meses foram para aliviar também a agenda do estúdio, com o avançar da pandemia, conforme a renda foi escasseando e o trabalho presencial voltou a ser permitido, o músico capitalizou esse momento em que diversos artistas não estão realizando shows, mas aproveitam a situação para gravar e lançar materiais inéditos para as plataformas digitais, às vezes com auxílio de editais de fomento, como o FAC Digital, do governo do Estado.
– Se pudesse pensar apenas na questão da saúde, eu preferia ainda nem ter voltado a abrir o estúdio. Mas todos temos que trabalhar, e por isso fomos retomando as atividades, com todo o cuidado. Só recebo o músico que está envolvido na gravação, com máscara e álcool gel, e desde que eu saiba que ele também está mantendo os cuidados necessários – diz.
Ao longo da pandemia, a Cultural Revolução lançou materiais inéditos dos MCs Ghetto Z, Castilhos RAP, Cougo MC e da banda NomadSoul, entre outros. Alguns dos próximos lançamentos previstos são um single do D.J. Neguin e os próximos álbuns do rapper AlTrue e da banda Salve Jurema. Álvaro também prepara um projeto de músicas autorais com o baterista Guido Ângelo e o guitarrista Bruno Pinheiro Machado. Aos poucos, os regueiros da Natural Dread também retomam os ensaios e as gravações, visando um próximo álbum que deve ser lançado na metade do ano que vem, ou quando for possível “colocá-lo na estrada”.
Para acompanhar o trabalho de Álvaro, a @CulturalRevolução está no YouTube, Facebook e Instagram. Estes perfis também remetem aos artistas do catálogo cada vez mais encorpado do selo. No Spotify também é possível conferir uma playlist que reúne os lançamentos do selo deste ano.
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