Todo palhaço sabe, mas talvez quem o assista não saiba: para as piadas, brincadeiras e estripulias acontecerem, o processo criativo desse artista do improviso inicia na hora em que acorda e só se encerra na hora de dormir. Mais do que ensaiar cenas e decorar textos, trata-se de enriquecer o repertório, estimular a criatividade e treinar o jogo de cintura para interagir com o público. É por isso que Micheli dos Santos e Mikael Marques, casal que forma a Cia Espicula, mal dão conta de transformar em ação tudo o que vêm à cabeça, mesmo durante pandemia que os afastou das ruas e dos eventos neste ano fatídico para a arte.
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Foi só passar a frustração inicial por não poder colher em 2020 os frutos de um trabalho árduo de circulação e divulgação do trabalho para Micheli e Mikael, ou Pulguinha e Timbico, colocarem a mão na massa e dar um mergulho nos editais de emergência. Foi assim que surgiram boas oportunidades de trabalho, que os seguidores poderão conferir nas próximas semanas, com três apresentações em vídeo. Duas delas são para o edital FAC Digital, da Secretaria Estadual de Cultura: os minis-curtas Cia Espicula em Apertamento e Mu(n)do.
- Em Apertamento vamos contar a história de dois palhaços vivendo dentro de casa durante a quarentena, num apartamento bem apertadinho, que no caso é o nosso. Mu(n)do é sobre um palhaço que se comunica por libras e que circula num mundo pós-apocalíptico. Neste tem esse componente que é a gente trazes a Libras para a narrativa, sem ser aquele intérprete que fica no cantinho da tela - comenta Micheli.
A terceira investida digital é para o edital Sarau Cultural #arteprolardagente, em que a Cia Espicula foi a contemplada na categoria Circo. Nesta proposta, o casal irá performar diversas técnicas circenses clássicas e contemporâneas, com uma mensagem poética e reflexiva.
- São vídeos curtos, mas que envolvem muito trabalho, principalmente porque o Mikael e eu somos muito chatos, queremos que fique legal. Tanto a proposta, para passar nos editais, quanto o produto, para que as pessoas assistam e gostem, compartilhem - destaca a artista.
Em meio a mil ideias de novos espetáculos e oficinas, e muito estudo da milenar arte da palhaçaria, Micheli e Maikel, como bons circenses, se equilibram na corda bamba que é a vida de artista, ainda mais balançante durante a pandemia. Mais do que uma opção, dar às pessoas razões para rir e sorrir é uma obrigação com a vocação que ambos descobriram na infância, e já seguem por mais de duas décadas (ambos têm 31 anos).
- Sempre foi difícil. Tem um pouco de loucura viver de arte. Num mês tu ganha dinheiro, no outro não. Trabalha com o próprio corpo. Nesse momento contamos com alguma ajuda de família, mas queremos estar preparados para quando for possível se apresentar. Temos a esperança de que um dia essa pandemia acabe (risos) - brinca Micheli.
Para seguir o trabalho de Micheli e Mikael, eles estão no Instagram (@cia_espicula) e no Facebook (/ciaespicula), além do canal Cia Espicula no YouTube.
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