Qualquer um que já assistiu Cristian Rigon tocar logo de cara percebeu como o guitarrista caxiense se realiza no palco, seja com o trio que leva seu nome ou nas animadas jams com os amigos. Desde março sem extravasar no seu habitat natural, Cristian, que além de um dos principais nomes do blues na região é sócio da escola de guitarra Overdrive, vive na pandemia o desafio diário de manter a cabeça em dia e a ansiedade controlada sem o próximo show em vista.
– Estava com muita expectativa por tocar projetos como o segundo Blues N’ Rock Festival, que foca em bandas autorais e sou um dos idealizadores. A primeira edição foi muito legal e a gente lamentou demais ter de segurar essa ideia. Não poder tocar os projetos de carreira é uma frustração, e a forma que encontro de manter a mente saudável é tendo bastante demanda: acordar e saber que tenho aulas para dar ou para preparar, se não tiver vou pegar algum jazz para aprender. A organização ajuda a começar e terminar o dia com os pensamentos sob controle – destaca o guitarrista.
Leia mais:
A arte não para #5: Odelta Simonetti
A arte não para #6: Maya Falks
A arte não para #7: Tonico de Ogum
A arte não para #8: Gio e Doug
A arte não para #9: Jessica Melinda
A arte não para #10: Tatiéli Bueno
A arte não para #11: Paralela
Como um lado positivo da pandemia, Cristian viu uma oportunidade não apenas para consolidar e desenvolver melhor um modelo de aula virtual, como também para voltar a ser aluno, e aprimorar ainda mais no instrumento ao qual se dedica há mais de 25 anos, profissionalmente.
– Estamos voltando agora com as aulas presenciais, mas praticamente três meses trabalhei só com a aula online e o resultado foi muito satisfatório. Era algo que eu já fazia esporadicamente, mas que a necessidade serviu para desenvolver uma metodologia. Foi interessante perceber como é possível ensinar nessa modalidade, independente se o aluno é iniciante ou já toca há um tempo. Também aproveitei essa onda online para voltar a estudar guitarra, fazendo dois meses de aulas com um amigo de Buenos Aires, o Martín Burguez – conta.
Pai de um jovem de 18 anos, Rigon também destaca o quanto a pandemia faz refletir sobre a vida e a dar mais atenção aos sentimentos:
– A quarentena está sendo complicada, mas ao mesmo tempo nos permite fazer muitas reflexões. O que eu pude pensar na vida, no que aconteceu comigo, o que já errei, o que acertei, é incrível. Acho que sou uma pessoa melhor agora do que era antes – avalia.
Enquanto as previsões para volta dos shows são incertas, o músico e os colegas que completam o Cristian Rigon Blues Trio, Leozão Reis (bateria) e Arthur Bovo (baixo), mantêm a sintonia gravando músicas para postar nas redes sociais. É uma maneira de gerar novos conteúdos e divulgando o trabalho nos ambientes digitais:
– Todo show sempre gera o cartaz, os stories no Instagram, as fotos com os amigos. Isso é importante, pois teu nome aparece e reverte em novos lugares para tocar, novos alunos que ainda não saem na noite, mas que acompanham pelas redes sociais... E não gerar nada disso é muito complicado. No começo da pandemia cheguei a fazer umas lives, mas a terceira não foi tão legal quanto a segunda, que não foi tão legal quanto a primeira. Vi que não era o que eu queria. Já essa outra ideia, de cada um gravar na sua casa, juntar tudo e lançar, deu um resultado mais bacana. Temos o plano de lançar uma gravação por mês, com alguns convidados. É uma forma da carreira continuar andando mesmo nesse período.
Para acompanhar nas redes sociais, Cristian Rigon está no Instagram (@rigon.cristian) e no Facebook (fan page /CristianRigonBluesTrio), além das principais plataformas de streaming, como Spotify, Deezer e YouTube.