Antes de mais nada, é bom que se registre: a hipnose funciona, sim. Quando, na última semana, o participante do Big Brother Brasil Pyong Lee hipnotizou quatro outros participantes do reality show que aceitaram seu desafio, o tema repercutiu entre a audiência e também, é claro, dividiu opiniões nas redes sociais. Fez, inclusive, muitos recordarem do uruguaio Fabio Puentes, que se tornou muito conhecido ao fazer da hipnose uma atração em diversos programas de auditório nos anos 1990 e início dos 2000, expondo participantes a situações cômicas, muitas vezes constrangedoras.
O psicólogo caxiense Hélius Sironi de Moraes, que utiliza a técnica em consultório, explica que as práticas aparentemente amalucadas de Puentes são, sim, hipnose, mas que estão longe de exemplificar o que é a técnica, reconhecida no Brasil pelos conselhos de Fisioterapia, Medicina, Psicologia e Odontologia. Hélius destaca que a hipnose é uma forte aliada no combate a traumas geradores de angústia e ansiedade, mas que cada caso tem de ser precedido de avaliação do cliente. Não se trata de mágica, mas sim de estímulos que levam a pessoa a um elevado estado de concentração, permitindo acessar seu subconsciente, assim fazendo a regressão a idades anteriores e atacando questões mal resolvidas, que podem amenizar traumas como fobia de aranha, medo de dirigir ou enurese (o xixi involuntário), além de atacar dependências, como o tabagismo.
— A hipnose permite aumentar a concentração através da ativação de elementos sensoriais, como o olfato, tato, paladar, visão e audição. Sem nos darmos conta, nos colocamos em transe em diversas situações ao longo do dia, com nossa atenção altamente capturada por algum estímulo senso receptivo: cheiros de comida, filmes, propagandas ou textos, como um romance. Contudo, é importante destacar que, sendo a atenção o elemento mais importante, a pessoa só é hipnotizada se permitir. Logo, não há possibilidade da hipnose te forçar a fazer algo que tu não queiras. O que Puentes fazia na TV era, antes do programa, testar um determinado número de pessoas para, entre elas, encontrar as mais suscetíveis — explica o psicólogo.
Hélius acrescenta que a indução ao transe precisa ser cuidadosa, por isso tem de ser feita por um profissional com formação na área. Não há um número específico de sessões, varia de acordo com o caso. Embora ainda não haja regulamentação da atividade, a Sociedade Brasileira de Hipnose (SBH) dispõe de um Código de Ética e Conduta, que visa criar responsabilidades e separar profissionais sérios de aproveitadores.
— O profissional põe em primeiro lugar a segurança da pessoa, desde a avaliação, passando pela indução ao transe até a volta da hipnose, instalando-a em um lugar seguro dentro da sua mente, para onde possa voltar de qualquer ponto da viagem interna — acrescenta.
Também caxiense, a hipnoterapeuta Daniela Borges (convidada para criar a tabela abaixo) comenta que a maioria dos clientes a procura por indicação ou através das redes sociais:
— A maioria busca a hipnose objetivando resultados positivos mais rápidos. Existem, também, aqueles que procuram acelerar o tratamento terapêutico que já fazem, ou que ainda não obtiveram êxito em outras terapias.
Combatendo mitos
Mito
- O hipnólogo controla a mente do cliente
Verdade
- O hipnólogo não possui nenhum poder. Toda hipnose é uma auto-hipnose, ou seja, é o cliente que faz todo o processo. O hipnólogo é um guia.
Mito
- Posso ficar preso na hipnose
Verdade
A hipnose é um estado natural da mente. Se, em algum momento, você quiser abrir os olhos, você pode. Lembrando o que a pessoa fica consciente durante toda a sessão.
Mito
- A hipnose fará a pessoa contar seus segredos.
Verdade
- Caso receba alguma sugestão que vá contra as suas crenças e valores, a pessoa simplesmente rejeita.
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