“Nós por nós” é o bordão que o rapper Chiquinho Divilas consagrou junto à comunidade hip hop. Para centenas de meninos e meninas que passam a conhecer a arte da periferia pelas oficinas, shows e palestras do caxiense, é a mensagem que leva a entender que a arte precisa, além do talento individual, sentido de parceria e colaboração. Uma união que levou Divilas e seus fiéis escudeiros a conquistar, na noite de sábado, o Prêmio Brasil Criativo na categoria Música/DJ do Ano. A cerimônia, realizada durante o Pixel Show, em São Paulo, reconheceu os mais criativos e inovadores projetos culturais do país em 12 categorias.
Na volta a Caxias do Sul, neste domingo, Divilas destacou a importância do prêmio ao projeto que já havia sido reconhecido a nível estadual, com o Prêmio Educação RS 2019.O rapper conta que o prêmio, chancelado pelo Ministério da Cidadania e Secretarial Especial de Cultura do Governo Federal, o fez recordar dos primeiros passos na cultura hip hop, no bairro Euzébio Beltrão de Queiróz.
– Sinceramente, não tem como mensurar. Mas na hora fiz uma retrospectiva e lembrei de quando o líder comunitário Adão Borges da Rosa deu os três minutos para eu cantar minha primeira rima. De lá para cá, nunca mais parei. A primeira vez que alguém me chamou de “inteligente” foi depois de ouvir uma rima minha. Fiz rimas para apresentar trabalhos na universidade. O rap sempre foi um aliado ao conhecimento e ao estudo para mim. Quando entramos nas escolas, vejo vários Chiquinhos que têm criatividade e talento, mas aquilo fica guardado porque não são estimulados a pensar fora da caixa. Neste projeto a galera dança, grafita, rima sua realidade e seus desejos. Os olhos da garotada brilha – comenta Divilas.
Em São Paulo, Chiquinho teve a companhia do produtor cultural Luciano Balen e da representante da Fundação Marcopolo, Andrelize Reis. Nada mais representativo do bordão de exaltação à união que gosta de repetir:
– Não foi só o Chiquinho. Foi uma conectividade que envolve o produtor, o assessor de imprensa, o patrocinador, a direção da escola. Todos apostando nessa linguagem. Ser poliglota também é saber ouvir o morador de rua, o dependente químico, o político e o empresário. Acho que estar há 22 anos nessa caminhada ajudou um pouco a ter essa compreensão. É nós por nós.
Durante dois anos, o Cultura Hip Hop nas Escolas atendeu mais de 5 mil estudantes de 14 escolas públicas de Caxias do Sul, com palestras e oficinas sobre os cinco elementos da Cultura Hip Hop (DJ, MC, Break, Grafitti e Conhecimento). Além de oficinas, os alunos tiveram a oportunidade de gravar suas músicas e apresentá-las em shows. O projeto teve financiamento da Lei de Incentivo à Cultura e patrocínio da Marcopolo. Uma nova edição deve ser realizada em 2020. O desafio, segundo o mentor, é ser ainda mais relevante:
– O que passa pela minha cabeça após essa conquista é que a responsabilidade agora é ainda maior. Mas meu maior sonho é que o projeto se torne sustentável e ande com as próprias pernas, protagonizado pelos jovens que foram despertados para o hip hop por ele.
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