A terceira edição do Congresso Estadual de Cultura começou na noite de quarta-feira (16), em Bento Gonçalves. Werner Schünemann estava em casa na abertura do evento porque a cidade leva o nome do personagem mais conhecido da carreira do ator, o Bento Gonçalves. Escalado para fazer a palestra de abertura do evento, de cara, Werner já veio com essa:
— A cultura é um grande negócio para o investidor.
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Para exemplificar falou de um evento que ocorria há muitos anos em Montenegro, o Festival de Orquestras.
— Naqueles três dias de festival havia um incremento em 20% na economia do município. E só não era maior porque o comércio fechava no sábado à tarde. A cultura é um grande negócio quando se põe na ponta do lápis.
Mas como fazer para que as partes que andam em dissonância dialoguem? Werner responde:
— Política é a mesa para nos sentarmos com os contrários.
Não tem problema discordar, mas tem de sentar à mesa. O que faz a cultura avançar, acredita o ator, é a inquietude. Na França, para atender a essa inquietude, diz, há 22 linhas de financiamento diferentes só para o cinema. É a tal da urgência em atender as demandas, porque elas não param de aparecer.
Editais cada vez mais específicos são a alternativa, defende Werner, para que se possa atender produções que precisam de mais atenção como é o caso da arte de rua, projetos de cunho sócio-culturais e de indígenas, por exemplo. Além de ator, Werner é professo de história, e lembrou de uma palestra em que Umberto Eco foi chamado para ajudar a resolver um problema. No início da palestra, Eco disse:
— "A função dos intelectuais não é resolver crises, mas criá-las".
Para bom entendedor basta. E assim encerrou-se a palestra de Werner, a nos conduzindo a uma nova dimensão do fazer cultural.