– Somos um festival extremista – diverte-se Luciano Balen, curador do Festival Música de Rua, que abre hoje e estende-se até o dia 5 de maio, com apresentações em Caxias e Bento Gonçalves.
– E por que extremista, Balen?
– Porque aproximamos os extremos da América do Sul, do Pará ao sul do Brasil, até o encontro entre o Equador e o Uruguai – explica.
Entendeu? Pois é esse o tempero do Festival Música de Rua 2019, que serve à mesa uma boa seleta de sons do quilate de Renato Borghetti, Keila, Tuyo, Rapajador, Slam das Manas e Catavento. É quase uma orgia musical, só para manter o tom da conversa dentro da brincadeira. O papo pode soar engraçado, mas nem tudo são flores nessa onda de levar e trazer música na bagagem. O festival ficou quase inviabilizado, por conta do Decreto 19.736, que pretendia regularizar os eventos de rua em Caxias.
– Por conta da insegurança jurídica do decreto, que ainda não está bem esclarecido, decidimos adaptar o projeto para que ele pudesse ser realizado – explica Balen.
Muda-se a programação, mas não se muda o princípio filosófico que rege o festival, porque a música continuará a ser apresentada onde as pessoas estão.
O Festival Música de Rua terá duas etapas este ano. A primeira delas inicia-se hoje, às 10h, na Escola Dezenove de Abril, com a realização do sonho de todo estudante: show de rock no recreio, com a banda Catavento, que há poucos dias tocou no Lollapalooza. A seguir, às 11h, ocorre a exibição do documentário Adelar Bertussi, que ao lado do irmão Honeyde, é patrimônio do cancioneiro popular dos Campos de Cima da Serra, além de lenda da música brasileira. O filme será apresentado na Escola Presidente Castelo Branco. Pra fechar as atrações do primeiro dia, tem exibição da peça Histórias Para Voar, com a trupe Aline Tanaã, Doug Trancoso, Gabriel Zeni e Gio Mazzochi, em que os atores encenam junto à Kombi Taru. A peça será apresentada às 14h30min, na Escola Abramo Randon.
A música segue da rua para a escola, e também para os estúdios de gravação. Porque outra novidade deste ano, além da música invadir as escolas, é a Residência Artística. Uma explicação simples para o termo rebuscado e emoldurado pela pós-modernidade é o seguinte, nas palavras de Balen:
– É assim ó, vamos colocar num estúdio o equatoriano Ricardo Pita, mais o Sulimar Rass, de Pelotas, junto com a Lara Rossato, de Porto Alegre, e o Henrique Zattera, de Caxias, pra compor e tocar e ver no que vai dar. Ah, a direção artística desse projeto é do acordeonista Rafael De Boni.
A última semana do Festival Música de Rua, na sua etapa serrana, ocorre nos dias 1º, 4 e 5 de maio. No dia 1º, às 17h, ocorre a inusitada dobradinha entre Ricardo Pitta e sua pegada que mescla o rock ao folclore latino-americano, com a saudosa Banda Marcial do Cristóvão de Mendoza, no Complexo Fabbrica, em Caxias. No dia 4, Pita pega a estrada para Bento Gonçalves e leva no busão o Tuyo e o projeto Rapajador, para encontrarem-se por lá com a banda Trebbiano, para um showzaço na Rua Coberta, às 15h.
E toda a muvuca termina em apoteose, em Caxias, dia 5, às 15h, no estacionamento da UCS. Então, Pita e sua turma voltam de busão lá de Bento, desembarcam em Caxias, para juntar-se ao Quarteto Ricacosa, à Keila, ao Renato Borghetti e à Slam das Manas para fechar a fatura e carimbar o passaporte para a viagem sonora de 2020.