Liderado pela voz e pelo gingado de Dona Nadir, o grupo de ritmos nordestinos Samba de Pareia da Mussuca traz do interior do Sergipe a ancestralidade de seus cantos, danças e batuques ao palco do Sesc Caxias do Sul, neste domingo. Com apoio cultural dos grupos caxienses Sucata Sonora e De lá pra cá Danças Brasileiras, a apresentação é uma chance de conferir uma dança quilombola surgida há cerca de 300 anos, como um ritual para celebrar o nascimento de indivíduos dentro da comunidade.
Localizado há cerca de 20 quilômetros da capital Aracaju, no município de Laranjeiras, Mussuca é, além de um povoado, uma resistência. Seus moradores são remanescentes dos povos quilombolas que trabalhavam nos canaviais e deram origem à dança e ao ritmo chamado de dança de pareia (ou de parelha, como também se chama). A sobrevivência dessa coreografia se dá pelas mulheres do povoado, que dançam marcando o ritmo sapateando com seus tamancos, mas também com chocalhos, cuíca e tambores (os homens apenas tocam).
O canto, por sua vez, narra o cotidiano da comunidade, suas crenças e sua oposição às privações e agressões sofridas no período de escravidão. O espetáculo se completa pelas vestimentas multicoloridas.
Considerada a principal responsável por manter vivo o folclore de Mussuca, por transmitir o conhecimento às mulheres jovens do povoado, Dona Nadir é um raro exemplo de mulher que assume a liderança num grupo tradicionalista nordestino, fato que a torna personagem ainda mais fascinante e importante na cultura brasileira.
A apresentação do Samba de Pareia da Mussuca faz parte do projeto Sonora Brasil, que promove a integração cultural entre diferentes regiões do país, resgatando o que cada povo tem de singular. Em duas décadas, o projeto bianual já levou música a mais de 150 cidades e cerca de 600 mil pessoas.
Agende-se
O quê: espetáculo com o grupo Samba de Pareia da Mussuca, de Sergipe, no Sonora Brasil
Quando: domingo, às 17h
Onde: teatro do Sesc Caxias (Rua Moreira César, 2462)
Quanto: entrada gratuita